ANITA CAMPOS DA SILVA, filha de Amália e José, nasceu no município flumi-nense de Trajano de Moraes. Foi a 5ª filha de um total de 7 irmãos.
Quando seu pai faleceu tinha de 3 para 4 anos, por isso não tem lembrança alguma do pai. Logo em seguida a mãe Amália veio com os 7 filhos morar na Ilha do Governa-dor, aqui no Rio. “Meu tio Nilo disse pra minha mãe que aqui seria melhor para ela criar os filhos. Mas a realidade se mostrou bem diferente. Vivemos tempos muito difíceis aqui. So-brevivíamos com o trabalho da minha mãe que era costureira, daquelas que trabalham em casa”, conta Anita.
Curiosamente Amália não sabia ler, embora fosse filha de uma professora formada. “Minha avó Maria era professora. Mas como era os costumes daquela época, quando se casou com meu avô Teles, foi obrigada a parar de trabalhar e dedicar-se somente ao lar e aos filhos. Minha mãe só aprendeu a ler por volta dos 60 anos.”
Não demorou e a mãe conheceu o Antônio, que se tornou marido da Amália e pai de seus 7 filhos(as). “Ele foi morar na casa onde morávamos. Mas a coisa só complicou. Tan-to minha mãe quanto o Antônio bebiam muito e brigavam muito. A mãe ficava nervosa com as brigas e sempre sobrava para os filhos, particularmente os menores. Éramos uma família de pessoas feridas que continuavam a se ferir mais e mais”, conta Anita.
Quando Anita tinha 8 anos, sua mãe se converteu a Jesus, parou de beber e passou a participar ativamente da Igreja Assembléia de Deus da Ilha do Governador. Mas o Antô-nio continuava bebendo e criando desarmonia. Desse relacionamento da Amália com o Antônio nasceu a sua 8ª irmã, a Maria do Carmo.
Quando Anita tinha 9 anos de idade, a família soube que a professora da classe do seu irmão Teles, que também morava na Ilha, queria uma garota pra brincar e ajudar a tomar conta do filho que tinha 1 ano e 3 meses. Anita viu ali alguma oportunidade de sair ao menos por algumas horas do ambiente conflitivo da sua casa. Lutou tanto pela oportunidade que a mãe permitiu que ela fosse durante as tardes na casa da professora Dirce Guaranys para brincar com seu filho Ricardo e também com a Rosane, que nasceu em seguida. Assim, Anita estudava na parte da manhã, à tarde ficava na casa da professora Dirce e à noite, por volta das 18h, ia para sua casa. “Aos domingos e em algumas noites da semana minha mãe ia pra igreja e levava os filhos juntos. Eu gostava da Igreja. E me batizei aos 14 anos para poder cantar no Coral”.
Algum tempo depois a Dirce e os dois filhos se mudaram para o bairro de Vila I-sabel. Ela havia ficado viúva do esposo Sebastião e foi residir próximo dos pais Ester e Murilo, que moravam no Andaraí. Com muita tristeza por parte da mãe e de muita in-sistência por parte da Anita, a mãe Amália deixou que Anita fosse morar com a Dirce em Vila Isabel. “A condição é que eu fosse na casa da minha mãe no mínimo duas vezes por semana. Fiz isso até os meus 44 anos, quando minha mãe veio a falecer. Lá na Ilha, íamos juntas à igreja onde havíamos nos batizado e conhecido a Jesus.”
Dirce casou-se novamente. “O Licínio entrou nas nossas vidas como um exemplo po-sitivo de pessoa, um exemplo positivo de marido, um exemplo positivo de padrasto. Um homem correto e solícito.” A família foi morar no bairro do Lins de Vasconcelos.
Depois que a mãe morreu em 1981, a Anita parou de ir à Igreja Assembléia de Deus da Ilha do Governador e passou a frequentar mais a Metodista de Vila Isabel. “Em 2000, após o culto da Igreja do Lar em nossa casa lá no Lins, e que o Pastor Ronan me perguntou o porquê eu ainda não era membro da Igreja e me convidar a ser membro, tomei a minha decisão ali na hora da conversa enquanto nos despedíamos. Eu quero ser membro da Igreja, disse ao pastor. Não faltava nada para eu ser metodista, só o convite. E quando ele veio, eu o aceitei de primeira”. Tornou-se membro da Igreja Metodista de Vila Isabel em junho de 2000.
Depois que Dirce, Lecínio e Anita voltaram a morar no bairro de Vila Isabel, participar das programações da Igreja tornou-se mais fácil. “Em 2002 passei a fazer parte da Socie-dade de Mulheres de Vila Isabel, onde fui muito bem acolhida, tenho grandes amigas e onde também aprendo e sirvo ao meu Deus. Sou um membro ativo da Igreja. Participo dos cultos dominicais (manhã e noite), da Escola Dominical, da reunião de oração na terça-feira à noite e também do grupo de discipulado de mulheres, coordenado pelo Pastor Ronan. Também sou a agente da revista Voz Missionária em nossa Igreja. Faço o que gosto e gosto do que Deus tem feito em minha vida”.
Ao longo dos anos e dessa história de amizade e convivência, Anita foi “adotada” afetivamente pela família da Dirce. No culto especial pelos 80 anos de vida da Dirce, acontecido recentemente, o Ricardo ao homenagear a mãe, chamou a Anita de irmã. “Foi uma bênção de Deus eu entrar para essa família e aqui ser acolhida e amada”.
Mas antes de terminar essa história, Anita faz questão de contar o que aconteceu com o Antônio, viúvo de sua mãe: “O Antônio morreu em 1994. Poucos dias antes da mor-te dela, a minha irmã Maria do Carmo, filha da minha mãe e do Antônio, foi ao hospital do Fundão onde o Antônio estava internado em estado muito grave de saúde. Ela que é membro da Assembléia de Deus da Ilha do Governador, falou de Jesus ao Antônio e da oportunidade dele experimentar a salvação eterna oferecida por Jesus. Antônio ouviu a Palavra de Deus e acabou por render-se a Jesus, confessando-o como Senhor e Salvador da sua vida, ali mesmo no leito onde estava. Não demorou e ele faleceu.”
“Deus tem sido muito bom para mim e eu amo a minha igreja, ca-da um dos meus irmãos e irmãs”, conclui Anita.
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