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Rio, 24/10/2007
 

Código Da Vinci: ficção e ataque a fé (Maria Clara Lucchetti Bingemer)

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Ao mesmo tempo em que o filme “O código da Vinci” lota os cinemas e bate recordes de bilheteria, na esteira do fabuloso sucesso do livro que o precedeu, a discussão que provoca começa a atingir um certo ponto de saturação. Vai ficando cansativa a mirabolante e milionária receita que combina investigação policial, religião, Bíblia e outras coisas mais que enriqueceu o escritor Dan Brown.

Certamente, se não tivesse descoberto esta galinha dos ovos de ouro, Dan Brown seria ainda um medíocre e obscuro escritor norte-americano buscando seu lugar ao sol. No entanto, soube aproveitar-se, e bem, da síndrome que toma conta hoje em dia de boa parte das pessoas: não conseguir acreditar nas coisas sérias e ao mesmo tempo estar pronto para acreditar na primeira bobagem que é apresentada.

Creio que o Código da Vinci se enquadra perfeitamente nesta última categoria. Em seu livro e no filme nele inspirado são apresentados ao leitor e ao espectador uma série de afirmações e situações fantasiosas com pretensão de revolucionar a concepção que se tem sobre o Cristianismo, a vida de Jesus, de Maria Madalena, a instituição Igreja, e alguns movimentos católicos, sobretudo o Opus Dei.

A obra de Dan Brown é uma obra literária, certamente de gosto duvidoso. Longe de ser boa literatura, pode ser classificada na categoria das obras de ficção. Não tendo a literatura compromisso com a verdade, mas sim com a verossimilhança, está o autor, portanto, em seu direito de escrever e descrever as situações e fatos que deseja e como o deseja, misturando personagens e narrativas, desde que lhes dê um fio de condutor de plausibilidade.

Embora não se negando a Dan Brown este direito, deve-se, no entanto, negar-lhe outro direito: o de pretender que o que escreve é verdadeiro e constitui uma contribuição fundamentada e séria sobre as fontes do Cristianismo, a pessoa de Jesus de Nazaré e seu grupo de seguidores e o dinamismo da vida da Igreja, em sua organização interna e sua tradição.

Ao longo de mais de 2000 anos, a Igreja procurou sempre transmitir o mais fielmente possível às novas gerações a revelação da qual se entende como depositária, ao mesmo tempo em que buscou zelosamente preservar esse depósito de deturpações e distorções diversas que inevitavelmente apareceram em seu caminho.
É assim que os quatro primeiros séculos da história do Cristianismo foram marcados pelo aparecimento de várias heresias, ou concepções distorcidas na maneira de compreender certas verdades de fé, como a Santíssima Trindade, a maternidade divina de Maria, a natureza humano-divina de Jesus. Tais concepções, que muitas vezes ganhavam corpo e conseguiam inúmeros adeptos mesmo entre os cristãos, foram enfrentadas pelos teólogos cristãos que ancorados na verdade revelada e na experiência da fé, formularam então corretamente as verdades que a heresia distorcia.
Assim, por este caminho mais do que acidentado, e ao longo de mais de vinte séculos, o Cristianismo tem conseguido superar obstáculos e percalços a fim de continuar afirmando e proclamando aquilo que constitui o conteúdo da revelação e da fé que anima a vida da Igreja.

Para fundamentar seus ensinamentos, a Igreja conta com textos escritos, sim. As assim chamadas Sagradas Escrituras, ou Bíblia, são escritos de vários gêneros literários (profético, hínico, narrativo, prescritivo) que primeiramente foram objeto de tradição oral e posteriormente postos por escrito. Embora os escritores bíblicos ou hagiógrafos sejam pessoas humanas, inseridas num tempo e num espaço e sujeitos, portanto a várias limitações, são reconhecidos pela Igreja como inspirados, ou seja, como movidos pelo Espírito de Deus a escrever o que Deus queria e apenas o que Ele queria.
Assim é que, se bem os livros da Bíblia possam conter imprecisões científicas, históricas e geográficas, próprias de uma era pré-técnica, neles se pode encontrar a verdade. Essa verdade é o fundo mais profundo da mensagem que a Bíblia deseja transmitir: a revelação de Deus, seu desejo de vida, sua aliança com a humanidade, sua vontade salvífica, seu amor infinito.

Querem-se, portanto, conhecer a verdade sobre o Cristianismo e o Deus que ele revela, podemos recorrer à leitura da Bíblia. Certamente não poderemos encontrá-la no livro de Dan Brown e no filme por ele inspirado. Ali se poderá encontrar um romance policial, algumas narrativas rocambolescas que poderão agradar alguns e servir de passatempo a outros. Mas não a verdade. Dan Brown pode até ter sensibilidade marqueteira e tino editorial. Falta-lhe, porém inspiração, no sentido mais teológico do termo. Caberá a seus leitores julgar se também lhe falta talento.

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