TEOLOGIA DA PROSPERIDADE - Parte II
Messias Valverde
No primeiro texto desta série observamos os primeiros passos da Teologia da Prosperidade com Mary Baker Eddy, a partir do seu encontro com Finéias Parkhust Quinby, que resultou em desdobramentos diversos, tanto na criação de sua Igreja como em produções literárias dos mais variados modelos.
O segundo estágio da Teologia da Prosperidade, antes de sua vinda para o Brasil teve como um dos precursores, Essek William Kenyon, natural de Saratoga York, EUA (1). Kenyon vivenciou experiências religiosas em segmentos do cristianismo protestante de missão, de imigração e pentecostal (2).
Ele também teve contato com a teoria de Finéias Parkhust Quimby, mas o fez em um ambiente mais acadêmico, na “Emerson School of Oratory (Escola Emerson de Oratória), em Boston,” (3) onde o diretor era adepto de suas teses e as ensinava aos discentes. O eixo fundamental era que o pensamento explicitado em palavras pode se transformar em realidade (4).
Por sua dedicação na divulgação desses ideais nos Estados Unidos nos anos 30 e 40, Kenyon é considerado “o Pai do movimento Confissão Positiva.” (5)
O grande responsável pela solidificação de suas idéias inicialmente nos segmentos neopentecostais brasileiros e depois com larga influência também em setores do protestantismo histórico foi o seu discípulo Kenneth Hagin, natural de McKinney, Texas, EUA (6). Seus livros são leituras de cabeceira de muitos pastores protestantes e altamente influentes nas pregações e na musicalidade Gospel da atualidade.
Hagin afirma ter sido vítima de enfermidades cardiológicas por 15 anos e testemunha o recebimento da cura dessas enfermidades após uma seqüência de translados religiosos que o levaram algumas vezes ao céu e ao inferno (7).
A cura, propriamente dita, teria se dado por ocasião da leitura bíblica de Mc 11.22-24: “Jesus disse para eles [discípulos]: ”tenham fé em Deus. Eu garanto a vocês; se alguém disser a esta montanha: levante-se e jogue-se no mar; e não duvidar no seu coração, mas acreditar que isso vai acontecer, assim acontecerá”.
A leitura do texto e a experiência de cura foram apenas alguns dos elementos elencados por Hagin. Soma-se a isso, a convicção de que o próprio Jesus teria lhe aparecido e dito: “... se alguém, em qualquer lugar, quiser tomar esses quatro passos ou por em operação esses quatro princípios, receberá o que quiser de mim ou da parte de Deus Pai:
Passo 1- Diga a coisa: positiva ou negativamente, tudo depende do indivíduo;
Passo 2 - Faça a coisa: Os atos derrotam-no ou lhe dão vitória;
Passo 3 - Receba a coisa: Compete a nós a conexão com o dínamo do Céu;
Passo 4 - Conte a coisa: Contar para que outros também possam crer” (8).
Em síntese, Hagin afirma que “Tudo se pode obter de Deus, desde que confesse em voz alta, nunca duvidando de que o retorno positivo será alcançado, mesmo que as evidências indiquem o contrário... É a "Confissão Positiva" (9). Os três grandes pilares desse posicionamento teológico são: “autoridade espiritual, consciência da atualidade das bênçãos e maldições da lei (cf Dt 28) e confissão positiva.” (10)
No que se refere à “autoridade espiritual” Hagin se considera portador da autoridade concedida aos profetas bíblicos potencializada em “cem vezes” (11); a consciência da possibilidade de “materialização” das bênçãos, tem suas raízes na convicção de tê-las recebido do próprio Cristo, conforme mencionamos anteriormente, tendo como texto fundamental Dt 28 que explicita as bênçãos para os que “ouvem a voz do Senhor” (vv 1-14) e as “maldições” destinadas aos que não o fazem (vv 15-68). A “confissão positiva” está relacionada à propagação dessas convicções; expediente observado, em larga escala, entre os adeptos da Teologia da Prosperidade.
Não há dúvidas de que o caminho para a viabilização dessas propostas de vivência religiosa, está estreitamente ligada à adesão ao neopentecostalismo protestante que tem como expressão maior a Igreja Universal do Reino de Deus e Internacional da Graça de Deus.
O que poderíamos classificar como fórmula religiosa da Teologia da Prosperidade pode ser assim formulada: os cristãos estariam reivindicando em Deus as bênçãos de Dt 28.1-14 e Salmo 90.10 à luz de Is 53.4-5 e Gálatas 13 e Salmo 90,10. Nesse caso, Deus teria de cumprir, na vida prática, as afirmações bíblicas de que levou “em Cristo” as dores, as maldições da lei e, conseqüentemente, concede aos seres humanos uma vida sem atropelos pelo menos até os 70 anos, conforme Sl 90.10. Daí a justificativa de se proibir expressões como “se for da tua vontade” nas orações dos cristãos (12). Após essa idade justifica-se a presença das enfermidades como parte da “canseira e enfado” (Sl 90.10b).
No próximo texto desta série abordaremos as questões relacionadas aos elementos deificadores do ser humano na Teologia da Prosperidade.
(1) LIMA, Pr. Elinaldo Renovato de. A Teologia da prosperidade à Luz da Bíblia, p.1. in: www.assembléiadedeus-rn.org.br.
(2) MENDONÇA, Maurício. A Teologia da Prosperidade, in: www.portaldoespírito.com.br,p.1.
(3) SOARES, Esequias. O que é Confissão Positiva? www.jesus-br <http://www.jesus-br>.org/article109.htmr)
(4) LIMA, op. cit. p.1.
(5) Idem.
(6) SOARES, op. cit. p.1.
(7) LIMA, op. cit. p.1.
(8) COSTA, Pr. Airton Evangelista da. Desvios da Confissão Positiva, p.1.in: www.palavradaverdade.com.
(9) MENDONÇA, op. cit. p.1.
(10) Idem. P.2.
(11) COSTA, p.1.
(12) BEZERRA, Edir Macedo de. O poder Sobrenatural da Fé. Rio de Janeiro, Universal Produções Ind. E Com. Ltda 1989, Col. Reino de Deus.
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