Agosto /2008
Confesso que não consigo entender o que se passa na UNIMEP por mais que eu me esforce e tenha empenho em fazê-lo.
O que se passa aqui é de uma estranheza sem medida, e por todos os ângulos que eu tento ver só consigo perceber acertos de contas pessoais em torno de entreveros contrariados no passado e nada mais.
Quero examinar a questão hoje com a ótica da Igreja Metodista Mantenedora, da qual faço parte como membro arrolado e gosto muito.
Pergunto-me em primeiro lugar.
Por que a Cúpula da Igreja Metodista quer a destruição do projeto UNIMEP? Seria por questões financeiras ou receio da autonomia universitária?
Descarto com firmeza a propalada crise financeira, não só porque a considero falaciosa no tamanho propalado, como por entender que se ela fosse tão dramaticamente real como anunciam, as medidas até agora tomadas têm se mostrado absolutamente nocivas como se pode facilmente perceber.
Em primeiro lugar se está jogando no lixo uma imagem zelosamente construída que representa altíssimo e invejável patrimônio e veículo eficientíssimo para a rentabilidade financeira, que aqui vou intitular – a marca.
Também não consigo assimilar, como se pôs a perder de maneira tão grosseira os altos investimentos na formação de um quadro seleto de mestres e doutores profundamente identificados com a Instituição, completamente engajados na preservação e ampliação dela e fortíssimo atrativo para o mercado de aluno. Destruiu-se patrimônio invejável, que rapidamente já está sendo incorporado à outras organizações e cuja ausência atinge em cheio o mercado de alunos e põe a instituição em péssimas condições perante o MEC. Isto constituiu erro financeiro crasso e sua repercussão negativa a médio e longo prazos é simplesmente incalculável para a estabilidade financeira.
Em terceiro lugar, qualquer empresa capitalista inteligente e decente gostaria de ter entre seus servidores o grau de pertencimento e de parceria de seus servidores que a UNIMEP obteve, e que pode ser visto no nível de produtividade obtido, no grau de comprometimento alcançado e de adesão aos objetivos propostos com alta repercussão na vida econômico-financeira.
Desprezou-se esta motivação de modo pouco inteligente com repercussão negativa no bem estar interno e conseqüências desastrosas para o futuro que podem ser vistas na infeliz condução do endividamento institucional, que já se encontrava praticamente equacionado na tentativa bem sucedida do pacto, na destruição do conceituado quadro acadêmico com evasão de mestres e doutores e do invejável projeto da UNIMEP que a colocou no mapa do educacional brasileiro.
A destruição destes mencionados patrimônios de longos anos e de lenta e difícil recomposição é do ponto de vista econômico financeiro uma tragédia inexplicável que ameaça concretamente o valioso patrimônio físico acumulado nos últimos 30 anos, exatamente no período do projeto UNIMEP.
Quero fazer agora considerações em outra direção. Seria o projeto UNIMEP uma ameaça aos objetivos da Igreja Metodista dentro de seu espírito missionário? Este novo modo de administrá-la, com a intervenção, que agora se faz, testemunha melhor sua vocação missionária de libertação? A Igreja Metodista tem de fato razões objetivas para temer a autonomia da UNIMEP e seu caráter alternativo de instituição escolar? O testemunho unimepiano fere a tradição metodista? Seria esta a razão porque a cúpula metodista apoia, pelo menos por omissão, a destruição do projeto?
Por onde tenho passado a imagem positiva da Igreja Metodista tem estado extremamente ligada a Universidade em seus mais de 30 anos de existência.
A Igreja Metodista tem sido vista como instituição democrática, política e socialmente ativa, compromissada com os movimentos de oposição ao governo autoritário que se instalou no País a partir de 1964, ecumênica e defensora dos direitos humanos.
A proposta educacional metodista incluída no Documento Diretrizes para a Educação e seu compromisso com a sociedade visto no Credo Social, têm sido referências positivas para muitos grupos desejosos da transformação do Brasil e a UNIMEP cuidou muito de ambos e os divulgou.
A UNIMEP é a face visível da Igreja vista assim e em nenhuma outra de suas instituições tanto se debateu a política educacional e tanto se empenhou para que o sinal básico da instituição ganhasse um sentido prático através de sua política acadêmica.
Intrigado insisto em perguntar. Por que essa ojeriza metodista a UNIMEP? Por que se trama o fim de seu testemunho e de sua ação transformadora?
Por que a cúpula metodista referenda este ódio, por exemplo, como a humilhação feita a Almir Maia, um de seus construtores de fidelidade metodista indiscutível, o mais injustiçado e humilhado de todos os perseguidos pela nova direção?
O IEP, face da Igreja Metodista na UNIMEP, tem perdido todas as ações na justiça comum e suas relações com o mundo do trabalho é simplesmente vergonhosa. Por que a cúpula metodista insiste em referendar a política anti-sindical e suja que se está praticando na instituição?
Fico a pensar e indago. Será por incompetência ou se trata de um retrocesso em relação aos avanços que a Instituição fez inspirada nas decisões do Concílio Geral da Igreja Metodista, realizado em 1982?
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