IGREJA METODISTA EM VILA ISABEL
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Rio, 29/8/2008
 

Pois é!! Assim foi, assim é, mas assim não será!

Elias Boaventura


 

Tenho encontrado nos últimos tempos pessoas impacientes com a lentidão do processo que estamos vivendo aqui na UNIMEP e principalmente com a apatia aparente em que nos encontramos e que às vezes nos atordoa e nos provoca certo desalento.

Já vivi esta atmosfera em outras épocas na UNIMEP e no Brasil, razão pela qual aprendi a compreender o sentido destes embalos de avanços e recuos, de idas e vindas, mas que sempre apontam na direção do novo, porque representam movimentos muitos férteis que necessariamente acabam por engravidar o futuro, multiplicar as esperanças e renovar as forças para a caminhada.

Gente muito apressada quase sempre não consegue chegar ao fim da jornada, se frustra muito, via de regra não faz história, porque se deixa dominar pela impaciência e perde a capacidade de ver as paisagens tão confortadoras que margeiam os caminhos da luta, os ornam e constituem alento para os caminhantes.

Gosto de ver como o deserto na Bíblia, longe de ser lugar de derrota, de martírio e de tormento, torna-se oportunidade de redirecionamento de vidas que a partir deles se reorganizam, se reabastecem se apresentam prontas para o novo caminhar. Assim são os momentos de conflitos e crises que bem vividos produzem transformações significativas e criam verdadeiras usinas de libertação em meio à sofreguidão.

Considero pertinente que companheiros e companheiras de luta se sintam exauridos, até porque este era o objetivo da Direção Geral, várias vezes anunciado, para “quebrar a crista dos sindicatos” e levar os professores à exaustão. Seria bom que estes companheiros se mantivessem atentos ao movimento, ouvissem o barulho do silêncio e acompanhassem com atenção as resistências que ocorrem por meio do esvaziamento de reuniões, debandadas de professores, como em Santa Bárbara, explosões e destemperos aqui e acolá, sinais anunciantes que as energias se encontram revigoradas, que a calmaria é só aparente e que o processo por natureza indomável prossegue revigorado.

Temos que nos conscientizar que felizmente não seremos mais o que fomos e que também jamais nos enquadraremos no que tentam fazer de nós agora, mas que destes danos que nos estão sendo impostos e deste deserto para onde nos tentam empurrar, nascerá um renovo de potencial enorme e rebelde, cuja força transformadora sequer hoje podemos imaginar.

Os dias de esperança democrática que vivemos no Brasil de hoje, custaram sacrifícios de homens como Juscelino Kubitschek, João Goulart, Leonel Brizola e tantos outros que não puderam colher os frutos de suas lutas mas que garantiram, somando-se à luta do povo, a possibilidade de um futuro melhor para todos nós, que já começamos vislumbrar.

Aos companheiros e companheiras de resistência, convém lembrar que assim como para chegarmos à realidade do Brasil de hoje tivemos que passar pelo brutal governo militar, também para chegarmos à nossa diferente UNIMEP do futuro temos que viver, de modo inteligente, politicamente correto e compromissado, este tempo de aridez, de sufoco e de desrespeito que, entretanto, por seu dialético, fortalecerá nossa comunidade e nos devolverá nossos sonhos dos quais não abrimos mão.

Nosso futuro não será mais o ontem de que tanto nos orgulhamos e que nos fez tanto bem, muito menos o presente que repudiamos pelo mal que nos faz, mas um amanhã sorridente do qual não deveos ter medo porque viveremos em uma comunidade onde o arbítrio desaparecerá e a humilhação que nos foi imposta se transformará em vitórias retumbantes em defesa de uma universidade confessional ecumênica, autônoma e compromissada, instrumento de luta com vistas a uma comunidade mais participativa e solidária.

Esta universidade desejada certamente não surgirá de um episcopado omisso, muito menos de uma Direção funcionalista e autoritária, mas de um coletivo de professores, alunos e funcionários, que apesar de todos os sofrimentos não perde a esperança e teimosamente insiste em sonhar, embora saiba, por experiência, que o poeta se equivocou na afirmação de que “sonhar não custa nada”.


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* Elias Boaventura é professor do Programa de Pós-Graduação da Unimep e Ex-Reitor

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