Se hoje me fosse pedido uma definição da UNIMEP Universidade Metodista de Piracicaba), eu não teria a menor dúvida em considerá-la uma grande usina produtora de esperança, que não cessa de energizar àqueles que ocupam seu interior, empurrando-os continuamente na direção do novo.
Ela tem uma mística que vai muito além da simples agência de ensinar e se transforma em força propulsora daqueles que desejam não somente instrução, mas formação integral que lhes permita captar o sentido solidário e compromissado da vida.
UNIMEP traz contradições desde sua origem, que dificilmente serão superadas porque fazem parte de seu próprio jeito de ser, de sua cultura e de sua essência, antecipada em sua existência e gerada nela, e por isto é que se torna encantadora e mágica.
Ela nasceu sob o beneplácito de um governo militar autoritário, rebelou-se contra ele e aderiu a uma filosofia libertadora sustentada por teólogos da libertação e marxianos absolutamente suspeitos, que ocuparam seu interior. Surgiu no ventre de mantenedora privada mas sustenta uma vocação de instituição pública não estatal. É um projeto de inspiração metodista que logo ultrapassa esses limites e se torna, como convém a uma universidade fortemente autônoma, confessional e ecumênica, que energiza a própria Igreja.
Universidade pequena, localizada em região provinciana, logo alça vôo e se torna instituição nacional em conseqüência de seus atos de ousadia política e compromissos com a classe trabalhadora no Brasil e com revoluções latino americanas como os sandinistas da Nicarágua.
Pela ocorrência de situações complexas e difíceis que estouraram em seu interior, ao longo desses mais de 30 anos de sua existência desencontrada, seria mais correto considerá-la como a própria crise em si mesma, gerada pela essência de sua natureza irrequieta que a faz maior do que si mesma, maior que a soma das partes que a constituem.
Em função destas contradições, que representam ao mesmo tempo sua força e sua fraqueza, torna-se a mais questionada instituição de ensino dentro da Igreja mantenedora, embora seu passado revele ter sido ela, aquela que, de modo mais contundente, tenha levado a sério o pensamento wesleyano de compromisso social.
Esta instituição de natureza complexa e desafiante, tem exercido sob os seus servidores extraordinário fascínio que os leva a conviver de modo produtivo com as incertezas e encará-las como parte constitutiva de um futuro que escapa a qualquer tipo de previsão linear e de obsessão finalista
Quem com atenção observar hoje o “campus” Taquaral, entenderá de que usina estou falando, porque poderá perceber na face das pessoas a força de esperança de que já se encontram novamente possuídas, apesar da crueldade de que foram vítimas nos dois últimos anos e das fortes questões ainda obscuras em relação ao futuro.
Talvez seja querer demais que religiosos, que trabalham com a certeza do conhecimento revelado, assimile e conviva bem com este tipo de instituição complexa, abrigo da dúvida, zelosa da auto-organização, do poder de construção do ser humano, capaz de lidar com as dúvidas e as incertezas.
De qualquer modo, a UNIMEP é assim, teimosa, que insiste em ser ela mesma compromissada com sua natureza autônoma e democrática que não a deixa vergar à sanha de autoritarismo solitário. Sua teimosia consiste em funcionar como motor de transformação e usina produtora de irremovível esperança.
É por isto que a amamos muito e insistimos por ela lutar.
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