Não me recordo de ter vivido outro final de ano em que a mensagem, “Feliz Ano Novo”, tenha ganho sentido tão denso e tão esperançoso, como vem acontecendo comigo e com a comunidade unimepiana nestes últimos dias do ano de 2008, em função do desfecho que a sofrida crise vivida ao longo de dois anos apresentou.
A comunidade unimepiana encontra-se profundamente ferida; e as cicatrizes ainda abertas doem demais. Muitos perderam casas, carro, saúde, sofreram desemprego, tiveram a estabilidade familiar ameaçada; e, em alguns casos, foram obrigados a abandonar a Cidade, os sonhos, partindo como nômades para a sofrida diáspora
Pior do que perder os bens e a estabilidade foi ver um sonho de tantos anos rolar água abaixo, bem como a esperança despencar diante dos tão grandes e odientas injustiças praticadas que reduziram tudo o que se fez a interesses pessoais corporativistas, com o beneplácito das demoníacas organizações sindicais que teriam penetrado às entranhas da Instituição para miná-la e dela tirar proveito. Foi crueldade demais.
Em função desta tragédia que só agravou a situação interna institucional, e pois a renúncia do Diretor é clara confissão do fracasso da intervenção inadequada e infeliz, que de modo extremamente se fez, é que se tem de criar condições dialógicas para tentativa de reconstrução.
A agenda para o diálogo será pesada. Não se pode imaginar romanticamente que se tratará de conversa mole nem mesmo de se esquecer ingenuamente o que houve, reduzir os acontecimentos a uma tábula rasa, passar uma borracha sobre tudo; e prosseguir, como se não houvesse acontecido nada.
Na agenda do diálogo deve-se colocar sobre a mesa questões muito dolorosas:
- Por que as concessões salariais feitas pelos professores, as iniciativas de reestruturações de cursos aceitas e o pacto tão generoso, que até hoje provoca estranheza no meio trabalhista, foram desprezados; se já, apenas com um mês de vigência, apresentava sinais positivos de recuperação?
- Por que o pacto não foi honrado e sem nenhuma explicação; e em resposta ao gesto de boa vontade, praticou-se a violência da tentativa de demissão de 148 professores, a maioria titulada, respeitada e de devoção notoriamente comprovada à Instituição?
- Por que a insanidade prosseguiu contra os funcionários e se tentou de modo vergonhoso contra os Estatutos existentes, em flagrante desrespeito às leis; e sobre tudo, à autonomia universitária?
- Por que se exagerou o peso da dívida existente; e de modo pouco honesto, responsabilizou-se aos altos salários dos professores por sua razão de ser, quando já se sabia que isto não procede?
- Há que se colocar à mesa também as razões que levaram a cúpula da Igreja Metodista a se omitir diante do quadro caótico que a ela foi apresentado pela comunidade interna em diferentes ocasiões; e, por que motivos desrespeitou tão abertamente os próprios documentos norteadores de suas ações.
Se quisermos que a mensagem de “Feliz Ano Novo” faça sentido para nós, temos que, com espírito desarmado, sem pilhérias e truques, encarar nossa difícil situação e nos armarmos da mais forte boa vontade.
Em lugar de pedir aos sofridos que esqueçam sua dor, seria prudente que o novo Reitor os convocasse, para junto com eles refletir sobre os acontecimentos, buscar soluções inteligentes, participadas e dialogadas em que todos se sintam parceiros e cúmplices na tarefa de reconstrução.
Será difícil, mas a UNIMEP merece; e, nós também poderemos dizer e sentir: “FELIZ ANO NOVO !!”
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