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Natal
Rio, 27/11/2009
 

Os Evangelhos: Anúncio de Deus para nós – Jesus chegou!

Bispo Paulo Lockmann


 

1. Introdução

Diferente do que gostariam os historiadores, e mesmo muitos teólogos, os Evangelhos são testemunhos de homens e mulheres, que, juntos com suas comunidades, reconstituem, desde a tradição recebida sobre Jesus, palavras e acontecimentos que lhes falava ao coração, e às necessidades que como igrejas viviam.
Todos os evangelistas narram diversos momentos da vida de Jesus; cada um resgatou algo particular que os outros não mostraram; com isso, eles trazem um testemunho pessoal de como viram e sentiram Jesus.

No testemunho que o evangelista João dá de Jesus, aparecem elementos muito próprios de João e sua comunidade. Tente captar o que João, como narrador do Evangelho, apresenta de Jesus. Certamente, ficaremos visivelmente tocados.
Comecemos com a introdução do Evangelho, que já apresenta o testemunho de João sobre Jesus. Nos versos 1 a 5, João está pregando sobre Jesus como o Verbo da vida (Jo 1.1-5), e ainda do verso 10 ao 14 temos profunda reflexão e testemunho sobre Jesus: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.” (Jo 1.14). Este verso inclui o narrador, pois diz: “...e vimos a sua glória.” Tal afirmação é decisiva, porque aponta uma pregação e testemunho, fruto de experiência pessoal. O fato de eles terem visto é fundamental e inerente à condição das testemunhas de Jesus, a começar por João.

Nessa direção é que somos desafiados a provar desta comunhão com Jesus, que é a palavra de Deus feita carne, ou seja, a realização das promessas de Deus. Neste sentido, ser testemunha é também um ato de fé, é a atitude de quem ouviu as promessas de Deus, nelas crê, e dá testemunho até o ponto de que elas se tornam mais do que palavras, para serem experiência viva e pessoal. Foi assim com os profetas, eles creram nas promessas de Deus, e pregaram; pregaram com tanta insistência que as palavras se tornaram realidade em sua vida e na vida de seu povo.

João apresenta Jesus pregando, ensinando e dando testemunho sobre si mesmo. Este testemunho de Jesus é promessa, é palavra viva, mas é também imagem da vida do povo.

2. Do medo à perturbação

Vejamos os acontecimentos narrados no capítulo 13 de João, os quais criaram um clima de despedida entre Jesus e seus discípulos; a separação era inevitável. As palavras de Jesus foram claras: “Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco.” (Jo 13.33). Para os discípulos, isso era perturbador, haviam se acostumado a confiar em Jesus, quando as autoridades judaicas os ameaçavam, ali estava Jesus para responder de modo a confundir e envergonhar tais autoridades, como o fizera diante da mulher adúltera. Onde esperavam apedrejamento e sangue, Jesus reverteu em paz e perdão (cf. Jo 8. 1-11).
O uso do verbo tarassô (= perturbasse) reflete o estado da alma dos discípulos, mais que medo. Jesus percebe um sentimento de desordem e perturbação na alma dos discípulos, o medo dera lugar a uma flagrante sensação de angústia e desorientação. Isto porque eles sabiam que as ameaças já existentes aumentariam, e num contexto onde Jesus não estaria mais com eles.

Diante deste estado da alma dos discípulos, Jesus os surpreende dizendo: “vocês não estão sozinhos nesta angústia de alma, eu os conheço, eu sinto o que vocês estão sentindo.” Esta é uma constante no Evangelho de João, Jesus quer ser, e se torna, íntimo das pessoas. Isso ocorre com Nicodemos, que o procura à noite. Muito se disse sobre à noite, deste texto, mas, acima de tudo, essa era uma hora imprópria. Considerando a cultura judaica, era hora de intimidade familiar, mas Jesus acolhe Nicodemos. O mesmo ocorre com a mulher samaritana, que procura água no poço numa hora imprópria, ao meio-dia, e não cedo, pela manhã, como faziam as outras mulheres, isso porque ela queria se preservar, já que sua vida era altamente questionada; por isso evitava o convívio. Jesus busca o convívio, percebe o estado da sua alma, cansada pela confusão que era sua vida familiar.

Qual a lição que Jesus está passando aos discípulos e a nós? Nossos sentimentos mais secretos, de tristeza, desapontamento ou mesmo de alegria, não passam despercebidos a Jesus; ele deseja participar da nossa intimidade, dar fim a nossa solidão e sensação de desamparo. O Natal que se aproxima é um recordatório de que Deus se importa conosco, sim ele nos visita.

3. “E o verbo se fez carne” (Jo 1.14)

Mas neste tempo de Natal, quando celebramos o nascimento de Jesus, anunciamos como testemunha os Evangelhos: “O Verbo se fez carne e habitou entre nós...” (Jo 1.14). “Bendito seja o Senhor... porque visitou e redimiu o seu povo” (Lc 1.68). Tanto o prólogo de João, como o cântico de Zacarias em Lucas, anunciam: Deus visitou o seu Povo! Isto se acompanhado da promessa: “Ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” Mt 28.20. O natal passa ser um memorial com dois grandes significados para o povo de Deus: 1) Deus visita o seu povo através de seu filho Jesus; 2)Não estamos sozinhos, Jesus está conosco.


a) O propósito da visita divina – Salvação.

O cântico de Zacarias é claro “... redimiu o seu povo...” Deus vem através de Jesus para redenção. Isto está dito de diferentes formas no Evangelho: “... a vida estava nele e a vida era a luz dos homens...” (Jo 1.4). Mateus reporta as palavras do anjo a José: “Ela dará à luz um filho e lhe porá o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles”. (Mt 1.21). Sim é Deus perto de nós, pronto a redimir o maior pecador. Um lindo hino diz assim:

Cristo te chama.
Com paciência, ó pecador!
Ele te salva,
Vem sem demora ao teu Redentor.

Cristo te salva! Cristo te salva!
Não te demores, oh! vem pecador
Vem mesmo agora, dize já hoje:
“Tu me salvaste, és meu Senhor.”

b) A visitação de Deus é cumprimento das promessas.

Deus não esquece de suas promessas, ele as cumpra, e sua visitação ao mundo por meio de Jesus é uma prova disto. O cântico de Zacarias supõe isto: “e nos suscitou plena e poderosa salvação na casa de Davi, seu servo, como prometera, desde a antiguidade, por boca dos seus santos profetas.” (Lc. 1.69-70) O anúncio da vinda do messias de Deus (Jesus) é tema caro aos profetas: “Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel.” (Is. 7.14); “ Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” (Is. 9.6), ou como diz o profeta Miquéias: “E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.” (Mq. 5.2)

Isto mostra que não estamos sós. Jesus é o Emanuel de Deus (Deus conosco) (Mt 1.23).


c) A visitação de Deus traz mudança.

Sim, Natal é tempo de crer no santo propósito de Deus ao enviar seu filho. “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai! De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus” (Gal 4.4-7). Nós que éramos escravos do pecado, nos tornamos através de Jesus, filhos e herdeiros de Deus. Que mudança! O Evangelho ilustra o poder transformador que traz a visita de Jesus. Na cidade de Naim estava uma mãe desesperada levando seu filho para sepultura, Jesus visita a cidade e a mulher, e o resultado foi a ressurreição do rapaz (Lc 7. 11-17). Em Jericó um homem mal visto, agiota, ladrão, chamado Zaqueu , com a visita de Jesus, tudo muda: “Entrementes, Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais. Então, Jesus lhe disse: Hoje, houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão” (Lc 19.8-9).

Este Natal pode ser na nossa vida tempo de visitação de Deus. Amém, Amém!

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