De fato nós estamos vivendo dias dificílimos na história humana, muito mais difíceis do que aqueles que caracterizaram e marcaram os tempos da Reforma Protestante, no Século XVI. O que se tinha então, à época, se repete hoje aqui com potencializações, com variedades temáticas, com implicações e desdobramentos que estão pra além da nossa capacidade de compreender e de aceitar até a algum tempo atrás, mas hoje essas coisas se tornaram realidade insofismável em nossa volta, a tal ponto que até o termo “igreja” já padece de definições, já não se pode mais falar em igreja presumindo que as pessoas saibam o que signifique, igreja é esse bazar de ofertas perversas e idolátricas que se constitui à nossa volta com todas as matizes, até os grupos históricos já entraram nas ondas das doenças barganhantes neo-pentecostais. O que a gente tem à volta não é algo que possa ser enfrentado com uma reforma. Re-formar , o quê?. Dar uma outra forma a essa coisa que está aí. Pode se dar a reforma que quiser, não adiantará nada. Nós estamos é diante da necessidade de regeneração, de conversão, de esquecer que nós, talvez, tenhamos sido cristãos e voltarmos ao momento gêneses da nossa consciência e assumirmos uma reconversão profunda com ciência do evangelho. Do contrário, pode se emoldurar como se quiser o que nós hoje chamemos de igreja, pois ela terá apenas outra configuração, mas esses conteúdos que aí estão a tornam irredimível do jeito que ela está. Por isso não se pede de nós nem 95 teses, nem 50, nem 15, nem 26, nem 12, nem 13. É uma só: a tese é o evangelho. O resto é comentário.
O que é o Evangelho? O evangelho é a certeza de que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões. Essa é uma decisão unilateral de Deus.
O que é o Evangelho? Senão que o fato de que nós o amamos – quem quer que de nós o ame! – porque ele nos amou primeiro.
O que é o Evangelho? Senão a certeza de que não há barganhas a fazer com Deus, que está tudo consumado, pago. O grito definitivo de Jesus na cruz cancelou todas as coisas, todas as culpas.
O que é o Evangelho? Senão a certeza de que os escritos de dívida da lei de Moisés – lei moral, cerimonial, de qualquer outro tipo - foi cancelado inteiramente e encravado na cruz e com esse ato de Jesus ele esvaziava os principados e potestades do seu poder, triunfando sobre eles na cruz
O que é o Evangelho? Senão o fato real de que todo aquele que crê em Jesus por meio de Jesus, alcança graça em plenitude, total. Graça que me justifica, que me salva, graça que me santifica, graça que me unge, graça que não só me torna aceitável diante de Deus sem necessidade de barganha a fazer, mas também me capacita, me fortalece, me condiciona na justiça, me educando na verdade para que eu ande conforme o evangelho.
O que é o Evangelho? Senão a maravilhosa notícia de que está tudo feito, porque se Deus não tivesse feito em meu lugar não haveria nada que eu pudesse fazer que realizasse qualquer coisa em meu favor. Ora, se o evangelho simplificadamente é isso e se a convergência total e absoluta dele é pra Jesus. A convergência do evangelho não é nem pra a Bíblia, não é nem para a Escritura; a convergência do evangelho não é nem pra fé. A convergência do evangelho é para Jesus. Porque fé sem Jesus não produz absolutamente nada. É fé na fé. Porque as escrituras, a Bíblia, sem Jesus, é a mãe de todas as heresias, e a história do cristianismo é prova disso, porque as escrituras lidas sem Jesus são um balaio de gato inconciliável, são a receita para a “gadarenização” psicológica da mente, é querer que as Escrituras se somem a Jesus e que o pacote seja então a nossa fé. A partir de Jesus, e a gente fica sabendo de Jesus pelos evangelhos, e a gente pelos evangelhos fica sabendo que Jesus é o cumprimento das profecias, e aí pelos evangelhos e pelo cumprimento das profecias a gente fica também sabendo que o próprio Jesus expôs aos seus discípulos o que a seu constava em todas as Escrituras, e aí vem Paulo, escritor de hebreus, e nos diz que quem tem Jesus tem toda a revelação de Deus, porque nele habita corporalmente toda plenitude da divindade; ele é o verbo, ele é a palavra, ele é a totalidade de todas as coisas. Nele, Jesus, estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento, por isso até a escritura está relativizada. O escritor de hebreus nos diz que há quantidades imensas de textos das antigas escrituras que eram sombra, tipos, arquétipos, simbolizações que caíram e caducidade ou em obsolescência diante da realização e da encarnação da plenitude do verbo de todas as coisas, da Palavra eterna que é Jesus.
Então nem a Escritura me serve mais para ser o ponto de referência; o meu único ponto de referência é Jesus. A partir de Jesus eu releio a Bíblia inteira. O que couber e ficar conforme o espírito de Jesus e do evangelho, permanece; o que se antagonizar ou se tornar infantil diante da realização e do cumprimento é descartável. Jesus é o centro. A Reforma dizia só as escrituras,só Cristo, só a graça, só a fé. É muito pilar! O Pilar é um só, a pedra de esquina é uma só. É de Jesus que toda graça procede. Não precisa se afirmar a graça ao lado de Cristo, sem Cristo não há graça. Graça é favor imerecido, é o Cordeiro que foi imolado antes da fundação de mundo. Que é o precipitador e mantenedor de toda graça. De modo que eu nem posso falar Cristo e graça, pois sem Cristo não há graça. Não posso dizer “só Cristo mais a fé”, pois sem Cristo não há fé. Não posso dizer só Cristo mais a Escritura, a Escritura concorrendo esquizofrenicamente com Jesus, é só Jesus. A Escritura tem de ser lida a partir do Verbo encarnado. Quando essa conclusão entra em nosso coração há uma revelação que simplifica o olhar na vida e também radicaliza até as essências de nossas decisões, aí não há mais barganhas a fazer, ai não dá mais pra você ficar com conluios com o cristianismo. O cristianismo nos ofereceu praticamente 1700 anos de bruxaria desde o imperador Constantino e não parou com a Reforma Protestante. A gente não pode ficar nem com o lado protestante do cristianismo que nada mais é que uma versão grega, polida, de um catolicismo que fez literalmente dieta; dieta de santo de gesso, de barro, disso, daquilo, mas que por seu turno dogmatizou a sua própria eclesiologia, trouxe para dentro pacotes e mais pacotes de doutrinas humanas, que aguaram o evangelho, que criaram absolutos que relativizam a verdade insofismável da palavra. Por isso o próprio protestantismo está sob juízo. E esse movimento que a gente chama de “evangélicos”, que é essa coisa, essa hidra, essa besta de muitas cabeças, tem tudo, menos evangelho. É uma logorréia do nome de Jesus que baba como gonococo o nome de Jesus. O que se anuncia é o anti-evangelho, o que se anuncia hoje dentro das igrejas é pura macumba. O deus que está instaurado é Mamom, o altar é aquele ao qual a gente só se ajoelha com expectativa de receber alguma coisa diante de Deus se botar grana, se participar das campanhas, todas elas baseadas na obsolescência, no antigo testamento, ai tem de ser baseado em Gideão, em Sansão, em Jefté, nos juízes, na pancadaria, na maldição, pois no espírito do NT eles sabem que não dá para sobreviver com isso que eles chamam de “igreja”.
(...) Não há barganha a se fazer com o cristianismo, com a sua hipervalorização ideológica, política. Com seu culto aos bem, ao poder, ao status. Não há barganhas a fazer com aqueles que ficam em cima do muro anunciando politicamente, de modo politicamente correto o evangelho, desses púlpitos de oráculos magificados pela superstição e pela paganidade de infantes perdidos. Não dá.
(...) Não admito conluios. Não creio que seja evangelho o se diz com o nome de evangelho, não creio que se esteja pregando a Jesus quando se fala o nome de Jesus. Não me deixo confundir por nenhuma dessas coisas, porque se o conteúdo não for exclusivamente do evangelho, podem banhar o cristo de purpurina, a esse cristo eu direi: “arreda-te tem nome de Jesus”. A autorização me é dada por Jesus, me é reforçada pelos apóstolos, e especificamente recomendada por Paulo que diz que se vier qualquer outro evangelho, vestido de qualquer coisa, mesmo que chegue impregnado de terminologias por nós conhecidas, mas se negar o fundamento e a essência da graça de Deus que está tudo feito, pago, realizado, consumado por Jesus, não é evangelho. E Paulo diz que mesmo que viesse um anjo de luz anunciando isso ou mesmo que os anunciadores se travestissem de ministros de justiça e ele vai mais além, mesmo que eu, o próprio Paulo, eu eu p´roprio Paulo, chegue aqui, pregando outro evangelho não seja esse, me repreendam, me chamem de anátema.
Pois é sobre a recomendação de Paulo que eu estou dizendo em nome de Jesus que o que se instituiu em nossa volta é anátema, é abominação. E quem quiser continuar andando em conclui com isso, saiba, está caminhando de mãos dadas com a pior feitiçaria já inventada na terra, que é essa praticada blasfemamente em nome de Jesus, é essa que provoca esse grande estelionato no evangelho, é essa o que tornou o termo igreja um agrupamento de assaltados pelos assaltantes mais sofisticados, venais e calhordas que já surgiram na história humana. Quem quiser continuar com esse conluio achando que basta cultuar a bíblia, carregar o livro, dizer que é um homem da palavra porque carrega esse livrão, que nada mais é do que é um best-seller que endinheira organizações que vivem da venda do produto sem preocupação com a absorção do conteúdo... vai pro inferno quem tem Bíblia na mão e não Jesus no coração.
O caminho do clube ou o caminho do Caminho. Seguidores contemplativos ou discípulo engajado. Se você é daqueles que prefere lamber e beijar afetivamente o engano da religião ou vai cuspir essa maldade e vai comer pão da vida e se alimentar daquilo que seja pura e simplesmente Jesus, porque o que não seja Jesus provoca indigestão eterna no coração.
(...) Precisamos voltar pra simplicidade do caminho, pras as jornadas do evangelho, para aquelas práticas sem interpretações teológicas, pra simplicidade que prescinde dos hermeneutas e exegetas, porque o verbo se fez carne e agora encarnado o verbo se explica. Jesus é o melhor hermeneuta e o melhor exegeta. Aquilo que eu não entendo no que ele diz eu compreendo pelo seu modo de agir, porque ele não era esquizofrênico, tudo que ele disse ele encarnou. Eu não preciso procurar o melhor professor de grego e ou de hebraico para eu o espírito do Evangelho. Vendo os movimentos de Jesus tocando a vida humana, o evangelho se auto-ilumina, para quem quer que queira. Sempre foi assim.
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Texto que extraido da fala do Caio Fábio em vídeo do youtube, em duas partes, e cujos links foram publicados no site da Vila
http://www.metodistavilaisabel.org.br/noticias/mundo_ecumenico.asp?Numero=1250
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