1) Todos somos conduzidos.
Não gostamos de admitir, mas todos sofremos influência do meio em que vivemos. As influências vêm pelo ambiente, pelas pessoas que nos cercam, pelos meios de comunicação. Algumas dessas influências nós nem nos damos conta; apenas reagimos de acordo com aquele estímulo. Por exemplo, quando compramos uma sandália, muitos de nós pedimos uma havaiana, sem necessariamente nos darmos conta de estar pedindo uma marca e não o produto.
Assim, as influências afetam nosso comportamento. Os mais jovens sofrem influências que moldam a sua personalidade em formação.
Tais influências podem ser positivas ou negativas. Quando alguém nos trata mal, temos a tendência de receber e cultivar tais sentimentos negativos. Promovemos o ressentimentos, que é o cultivo de coisas ruins. Goeth, famoso poeta e escritor alemão, afirmou: “Nunca tive uma aflição que não se transformasse em poesia”. Isso é dar um direcionamento a tensão.
Nesta breve reflexão, queremos ajudar nossa liderança cristã a reagir de modo espiritualmente maduro às circunstâncias adversas, aos conflitos e ataques que sofremos de outras pessoas, em muitos casos irmãos e irmãs na fé.
Sabendo, irmãos/ãs, que nada, nem ninguém pode impedir que venhamos a sofrer nas mãos de terceiros, é uma contingência humana; atente ao que disse Davi:
“Com efeito, não é inimigo que me afronta; se o fosse, eu o suportaria; nem é o que me odeia quem se exalta contra mim: pois dele eu me esconderia; mas és tu, homem meu igual, meu companheiro, e meu íntimo amigo”.(Sl 55.12-13).
2) Sofrer injustamente: uma contingência bíblica.
Os sinais de um caráter cristão maduro são moldados em lutas e sofrimentos. Quase sempre o primeiro momento de uma luta, de um ataque injusto que sofremos, nos faz, inicialmente, pensar e reagir com a carne: “Vou ”dar o troco”, isso não vai ficar assim!”, dizemos nós. Se tomamos este caminho, multiplicamos nosso sofrimento; já dizia P. Bilheimer: “Não podemos evitar sofrer nas mãos dos outros. No entanto, em última análise, ninguém consegue ferir-nos a não ser nós mesmos”. Sim, nada que nos façam poderá nos fazer mal se entregarmos para Deus. Lembrem-se de Davi e Saul. Saul intentou de tudo contra Davi, mas Davi, mesmo sofrendo, entregou para Deus:
“Eu, porém, invocarei a Deus, e o SENHOR me salvará. À tarde, pela manhã e ao meio-dia, farei as minhas queixas e lamentarei; e ele ouvirá a minha voz. (Sl 55.16-17).
De fato, o que as pessoas tramam contra nós não poderá nos machucar a ponto de impedir os propósitos de Deus para a nossa vida, a menos que nós acolhamos tais ofensas e maus sentimentos, tornando-nos rancorosos e mal-humorados, tal reação fará de nós pessoas influenciadas pelos outros e não por Deus. A maturidade cristã é uma postura decisiva e resoluta em que nada nem ninguém vai determinar o meu comportamento, senão o Senhor e a sua palavra. Isso significa também que Deus pode, sim, usar pessoas para isso, conforme a sua vontade soberana.
Consideremos ainda aqui o conselho do Apóstolo Pedro:
“Pois que glória há, se, pecando e sendo esbofeteados por isso, o suportais com paciência? Se, entretanto, quando praticais o bem, sois igualmente afligidos e o suportais com paciência, isto é grato a Deus. Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos”. (1 Pe 2.20-21).
Como evitar ser tomado pela amargura e ressentimento? Sabendo que há um clamor da carne da nossa natureza humana. Você quer confiar em Deus, mas fica preso pela tristeza. Assim se sentiu Elias quando Jezabel o ameaçou de morte, Elias foi para o deserto e pediu para Deus levá-lo (cf. 1 Rs 19.2,4), mas Deus tinha outros planos.
3) Reagindo com fé e amor e imitando o Senhor.
Nestes momentos, não temos escolha; temos que perseverar com fé, pois o contrário é o desistir e ser derrotado, e ninguém quer este caminho.
Como Paulo ensinou à igreja de Corinto:
“E eu passo a mostrar-vos ainda um caminho sobremodo excelente. Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine”. (1 Co 13.1)
Sim é o caminho de Deus, em qualquer outro caminho, não encontraremos a bênção de um coração livre de amargura e rancor. Com amor, seguimos a influência de Deus, e não de quem nos ofendeu.
Precisamos enfatizar que o caminho do amor não é o caminho do sentimento. Nós somos sentimentos, agimos por sentimentos, mas amor é muito mais que sentimentos. Nossos sentimentos nos enganam, são emoções que, por mais fortes que sejam, passam ou mudam. O amor é mandamento e princípio, sim um princípio de vida, uma ordenança de Jesus:
“Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo? Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.” (Mt 5.43-48).
Vejam que o ensino de Jesus sobre o amor radical é o caminho para a perfeição cristã, ou seja, a maturidade de um discípulo(a) que não anda segundo os homens, mas segue o amor de Deus, afinal quer ser: “... perfeito como perfeito é o nosso Pai que está no céu.”
Uma das obras clássicas do Cristianismo é A Imitação de Cristo, de Tomás de Kempis, obra que influenciou muito João Wesley e a sua visão de santidade. Na abertura dessa obra, nos diz Tomás de Kempis: “Quem me segue não anda nas trevas, diz o Senhor” (Jo 8.12) . São estas as palavras de Cristo pelas quais somos advertidos que imitemos sua vida e seus costumes, se verdadeiramente queremos ser iluminados e livres de toda cegueira de coração. Seja, pois, o nosso principal empenho meditar sobre a vida de Jesus Cristo. Irmãos e irmãs, neste caminho sob a influência de Jesus não há tropeço, há, sim, vitória e maturidade cristã.
Por tudo isso é que afirmamos ser o discipulado o aprendizado de deixar a influência e caminho do homem, e escolher o caminho de Deus, e de sua Palavra.
Deus vos abençoe.
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