Na UNIMEP vai desaparecendo aos poucos o sentimento de tensão e pessimismo em relação ao futuro da Instituição, dando lugar a uma atmosfera positiva e quase perigosamente eufórica no que se refere a saúde financeira do IEP.
O relacionamento interno vai relativamente bem, o convívio entre professores, funcionários e alunos, em que pesem algumas demissões e o PDV, começa ficar satisfatório e a boa demanda para o vestibular é confortadora e muito tranqüilizante para todos.
Recente comunicação do Magnífico Reitor reflete esta positividade, em grande parte centrada nele, pelo seu equilíbrio, e sobre tudo pela sua flexibilidade e capacidade para o diálogo e também sua visão empresarial.
Persiste ainda uma grande desconfiança em relação à Rede Metodista de Educação, não só pelos fatos históricos da relação UNIMEP/Igreja Metodista, como pelos primeiros sinais de sua intervenção aqui e em outras instituições metodistas.
Parece-me não ser precipitado afirmar que a “empresa” IEP encontrou seu caminho e está salva, embora haja ainda pesados problemas a serem equacionados, especialmente em relação às questões trabalhistas.
Não restam dúvidas que a UNIMEP mudou e não será mais a mesma, impetuosa, ousada, capaz de enfrentar o autoritarismo dos militares, acolhedora dos perseguidos políticos, defensora do reatamento com Cuba e tantas proezas mais.
A saída espontânea de grande número de professores, a substituição quase total do corpo de funcionários antigos, as iniciativas e pressão da Rede já comprometeram em grande parte sua autonomia administrativa. O que se espera é que o mesmo fenômeno não ocorra com a autonomia acadêmica, motivo de orgulho dos unimepianos, porque isto seria de fato danoso.
Com estes acontecimentos ela tem alterada sua identidade, e aos poucos se vê enquadrada em caminhos que não eram os seus, mas ainda é muito cedo para se saber qual será seu destino, enquanto um tipo de universidade alternativa, que nestes seus 30 anos atraiu a muitos pelo seu aspecto renovador.
Aqueles que responsabilizavam o corpo docente, sempre considerado mercenário pelos conservadores metodistas, têm agora o caminho aberto para fazer melhor, do ponto de vista administrativo. Agora é ver para crer.
Salva a empresa IEP, há necessidade de se por a campo em defesa da salvação da UNIMEP, até então compromissada contra todo injustiça, defensora da autonomia universitária e de sua confessionalidade de que tanto se orgulha.
Seria muito triste e altamente danoso, e isto é um perigo real, que a Instituição se deixasse levar pelos acenos de mercadorização da educação e se esquecesse das exigências do Documento Diretrizes para a Educação na Igreja Metodista, que diz: a educação na perspectiva cristã como parte da missão é o processo que visa oferecer a pessoa e comunidade uma compreensão da vida e da sociedade, comprometida com uma prática libertadora, recriando a vida e a sociedade.
Esta é nossa esperança, trabalhemos por ela.
Elias Boaventura
Dezembro/2010
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