Desde o início do meu ministério ouço esta frase na Igreja Metodista do Brasil. Irmãos e irmãs mais “avivados” dizem que os “conservadores” não são metodistas. São católicos. Irmãos e irmãs mais “conservadores” dizem que os “renovados e avivados” não são metodistas. São neo-pentecostais.
Com este discernimento raso (avivados e conservadores) afirmamos muitas vezes: “Este pastor não é metodista! Este culto não é metodista! Este bispo não é metodista! Esta igreja não é metodista!”
Em 2007 estive participando da Conferencia do Instituto de Evangelização do Concílio Mundial Metodista em Atlanta, Estados Unidos. Muito interessante os metodistas da Rússia ao lado dos metodistas do Havaí. Os Metodistas de Angola com os metodistas da Alemanha. Uns dançavam, outros pulavam, outros contemplavam, outros se emocionavam com a liturgia, outros ficavam parados como estátuas, outros aplaudiam como asas de pássaros batem ao ar, outros falavam em línguas estranhas, outros profetizavam. Que diversidade maravilhosa! Qual era a verdadeira Igreja Metodista no meio de metodistas de 61 países?
Mas quem é metodista? Falando do Brasil com as muitas diversidades de cultos nas igrejas metodistas nas Regiões brasileiras: Quem é metodista?
Com relação aos cultos metodistas na Primeira Região: quem é metodista e quem não é metodista?
Alguém me disse: “Fui a uma Igreja Metodista e aquilo não é culto metodista!” O que é culto metodista? Culto metodista é aquele parecido com o batista, com o católico ou com o presbiteriano? Será que culto metodista tem a rigidez do culto anglicano ou o improviso do culto pentecostal?
Tenho procurado aprender um pouco sobre a história da liturgia e conhecido diversas liturgias na História da Igreja, principalmente no período medieval. Cada povo celebra de uma forma.
Parece que Wesley previa isso ao exigir “a não existência de uniformidade litúrgica na Igreja Metodista” (Artigo de Religião nº22). Bem, aqui está uma pista: Igreja Metodista não possui unidade litúrgica nos ritos. Isso é metodismo. Quando encontramos uma celebração diferente da nossa podemos, a priori, dizer: “Isso é metodismo”.
Com relação à doutrina metodista é outra coisa, inclusive até muito difícil. A Bíblia é a base de toda a nossa fé e prática. É a base de nossa doutrina Metodista. Sem a Bíblia o/a discípulo/a não consegue conhecer a Vontade de Deus. Só cremos na Bíblia como única regra de fé e prática.
Isso não é simples e todas as igrejas evangélicas têm este princípio. Por isso que em um nível inferior à Palavra de Deus, são três os instrumentos usados para a compreensão e interpretação da Bíblia segundo a Doutrina Metodista, a saber:
1. Credo Apostólico (e os primeiros concílios ecumênicos da Igreja),
2. Os 25 Artigos de Religião (Herança anglicana dos 39 artigos de religião),
3. Sermões doutrinários de Wesley e suas notas explicativas sobre o Novo Testamento.
Quando assistimos a um culto metodista devemos perguntar:
• Está de acordo com a Bíblia?
• Tem base no credo apostólico?
• Está dentro da doutrina dos 25 artigos de religião?
• Contraria os Sermões de Wesley?
• Contraria suas notas explicativas do Novo Testamento?
Só depois de responder a todas estas perguntas poderemos afirmar: é metodista e não é metodista.
Mas nem todos os membros têm acesso ao material rico de nossa tradição.
O que fazer? Para facilitar nossa compreensão da doutrina metodista, os bispos e bispa escrevem as Cartas Pastorais sobre a Doutrina e a Liturgia na Igreja Metodista. Uma boa dica de leitura é a Pastoral sobre o Culto Metodista. Esta Pastoral traz um apêndice sobre o Calendário Cristão. É leitura obrigatória.
Antes de afirmar que uma igreja não é metodista porque é “conservadora” ou não é metodista porque é “avivada”, precisamos conhecer muito bem nossa doutrina.
Existem absurdos no meio metodista: há cultos mortos e mornos “a ponto de serem vomitados da boca do Senhor” parafraseando Apocalipse. Há muita mistura ritualística: culto parecendo batista, presbiteriano, católico e neo-pentecostal. Precisamos ter discernimento do Senhor, experiência com a Bíblia, conhecimento das Cartas Pastorais dos Bispos e Bispa sobre o Culto Metodista e avançar na simplicidade do Evangelho: “A verdadeira adoração é feita em Espírito e em Verdade”.
Que o Senhor nos ajude!
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