"A terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar" (Is. 11:9)
Introdução
A Igreja Metodista no Estado do Rio de Janeiro cresceu de forma maravilhosa neste últimos 25 anos. Hoje estamos com aproximadamente 120.000 membros, com mais de 552 pastores e muitos outros aguardando nomeações, mais de 518 igrejas e campos missionários. Isto é maravilhoso e cremos que Deus tem muito para nossas vidas. Deus nos deu uma visão ousada: “O Evangelho para cada pessoa, um grupo de discipulado em cada rua, uma igreja em cada bairro e um milhão de discípulos.” Para atingirmos esta visão em nosso Estado precisamos alinhar a nossa estrutura com esta visão.
Ao longo da tradição bíblica e da história da Igreja Cristã, bem como da Igreja Metodista no Brasil, o crescimento é sempre fruto de uma visão que nasce no coração de Deus, e de uma resposta de fé ousada, onde o povo de Deus muda sua vida, assume riscos e toma medidas, crendo que aquele que fez a promessa é fiel para cumpri-la. Com vistas ao estabelecimento da visão de Deus neste Estado, é que depois de jejum e oração, apresento a este Concílio uma proposta de multiplicação da 1ª. Região Eclesiástica em duas Regiões Eclesiásticas, com vistas ao avanço missionário da Igreja e à potencialização da visão que o Senhor nos concedeu. Para tanto, é preciso fazer algumas considerações:
a) Aspectos bíblicos teológicos
“A igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judeia, Galileia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor e no conforto do Espírito Santo, crescia em número.” (Atos 9:31).
Paulo ensina, escrevendo aos efésios: “Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é o cabeça, Cristo...” (Ef. 4:15). A igreja nascida no Pentecostes apresenta um sucessivo e significativo crescimento: “... os que aceitaram a Palavra foram batizados, havendo um acréscimo de 3.000 pessoas.” (At. 2:41). “Enquanto isto, acrescentava-lhes o Senhor dia a dia os que iam sendo salvos.” (At.2:47). “...muitos dos que ouviram a Palavra aceitaram, subindo o número de homens a 5.000.” (At. 4:4) E assim vão os testemunhos sobre o crescimento da Igreja Primitiva. Mesmo assim, há um imensa quantidade de pessoas que têm dificuldade em crer num grande crescimento da Igreja. São fortalezas mentais que apregoam que é bom “ser um pequeno povo mui feliz.” Há os que teorizam que não há perspectiva de crescimento para o protestantismo histórico. Isto tem nome: falta de fé de que o Deus, que operou na Igreja Primitiva, não opera mais. Ora, nossa própria história metodista contraria isto. Eu creio que testemunhos como “e crescia mais e mais a multidão de crentes, tanto homens como mulheres, agregados ao Senhor (At. 5:14)” continua real para a Igreja hoje. Tal crescimento gerou uma expansão e multiplicação de igrejas e áreas missionárias. Samaria, depois da ida dos apóstolos (At. 8:14-17) ganhou autonomia. O mesmo ocorreu com Antioquia, onde Paulo, após a sua conversão, foi discipulado e junto com Barnabé enviado a missões. Tais regiões, Samaria e Antioquia, com autonomia, se tornaram celeiros de missionários. Hoje queremos seguir este exemplo.
b) Aspectos históricos
Na história do metodismo, quanto João Wesley percebeu o intenso crescimento do metodismo na América, e diante da extensão da colônia e da também iminente independência, enviou dois líderes: Thomas Cook e Francis Asbury, que deram ao metodismo norte-americano identidade e crescimento. Fruto do reconhecimento que o crescimento pedia supervisão mais próxima e autonomia para tomar decisões que surgiam da missão.
No metodismo brasileiro éramos, no início, uma missão da Igreja Metodista dos Estados Unidos, acompanhados por um bispo que vinha para a Conferência Anual e nomeações. Com a autonomia, em 1930, nossa igreja elegeu um missionário aposentado, o Rev. William Tarboux, para ser nosso bispo. Mas em seguida, em 1934, foi eleito o bispo Cesar Dacorso Filho, que supervisionou o metodismo em todo o território brasileiro. Esta estrutura foi ampliada anos depois para três Regiões, que foram a Sul, a Centro e a Norte, as quais duraram até 1955, ocasião em que o Concílio Geral no Rio de Janeiro, a igreja se multiplicou em 5 Regiões. Dez anos depois criou-se a VI RE, composta pelos estados de Paraná e Santa Catarina. Em 1987 foi iniciado o processo de criação da REMNE. Mais recentemente, criamos a REMA – Região Missionária Amazônica. O último Concílio Geral aprovou num plano nacional que vislumbra a existência de pelo menos uma Região Eclesiástica em cada Estado, também pensando no crescimento da Igreja. Já se iniciaram conversas e parcerias, que no fundo revelam a compreensão de que uma administração missionária mais próxima acelera e intensifica o crescimento e maturidade da Igreja.
Agora, com vistas a uma supervisão pastoral e missionária mais presente eficiente, propomos que a I RE se multiplique em duas Regiões Eclesiásticas no Estado do Rio de Janeiro. E isto como fruto desta visão bíblica de crescimento e em fidelidade à nossa herança wesleyana de avanço missionário.
Metodologia proposta
Considerando os pressupostos acima mencionados, a multiplicação de nossa Região em duas ficaria assim constituída:
1. Região A (Centro/Sul) compreendendo os Distritos do Catete, Cascadura, Penha, Jacarepaguá, Caxias, São João do Meriti, Nilópolis, Nova Iguaçu, Realengo, Campo Grande, Santa Cruz, Valença, Volta Redonda, Barra Mansa e Resende. Esta área possui 58.491 membros, com arrecadação de 53% do total da Região.
2. Região B (Norte) compreendendo os Distritos de Niterói, São Gonçalo, Itaocara, Pádua, Cabo Frio, Macaé, Três Rios, Petrópolis e Teresópolis. Esta área apossui 52.778 membros, com arrecadação de 47% do total da 1ª. Região.
Administração
Uma vez aprovada a proposta, após seu encaminhamento e aprovação por parte da COGEAM, segue-se o processo de instalação das Regiões. Até o Concílio Geral, em 2016, as duas Regiões serão presididas pelo Bispo Paulo Lockmann, com o apoio de Superintendentes Missionários, por ele designados. Somente a partir do próximo Concílio Geral é que serão eleitos os dois novos bispos.
Com vistas ao futuro
A atual legislação canônica estabelece um sistema de eleição de bispo com indicação de 3 nomes para cada Região, feitas pelos Concílios Regionais, a partir de indicações das Igrejas Locais e dos Distritos. Uma vez criadas as novas Regiões, a possibilidade de indicação de nomes para o episcopado também se multiplicará.
Como mencionamos anteriormente, há uma tendência para revisão a atual organização territorial da Igreja Metodista no Brasil. O que faremos ao aprovar esta proposta antes do Concílio Geral de 2016 é nos anteciparmos ao processo, posicionando-nos a respeito do futuro da Igreja em nosso Estado, ainda sob a presidência do Bispo Paulo Lockmann.
Conclusão:
Creio que aquele que começou a boa obra vai completá-la. Somos uma igreja episcopal e certamente a multiplicação das Regiões e o fato de se ter mais um bispo motivando o crescimento da Igreja nos levará ao cumprimento da visão que Ele mesmo nos tem dado. A realidade da Igreja, como está organizada atualmente, não é mais viável para apenas um bispo. Há sempre uma demanda da presença do bispo, algo que hoje não dou conta de responder, pela quantidade de igrejas e de novos desafios. Certamente haveria outras possibilidades, mas esta proposta caminha na linha de mudanças aprovadas pelo último Concílio Geral e, a meu ver, é o melhor caminho para o avanço da Igreja em nosso Estado.
Por fim, recordo aos/às irmãos/ãs que este processo de multiplicação é mais comum do que parece e o praticamos frequentemente. Quando aqui cheguei como bispo, há 26 anos, a Baixada, que hoje é formada por quatro Distritos só tinha um, o Sul Fluminense. A multiplicação foi feita por conta de acompanharmos mais de perto e expandirmos missionariamente, e isto aconteceu. No nível local isto também ocorre. Quando uma congregação cresce, o que ocorre?
Ela pede autonomia e nós a damos, para que ela possa crescer mais.
A motivação da presente proposta, como mencionado anteriormente, é viabilizar o cum-primento da missão que o Senhor nos confiou, adaptando a estrutura da nossa Igreja à demanda e ao crescimento que o Senhor já nos deu e que certamente irá aumentar. Pois como disse o Rev. João Wesley, referindo-se ao metodismo nascente: “Não é altamente provável que Deus levará a sua obra da mesma maneira que a começou? Que Ele irá levá-la, eu não posso duvidar. Eu confio que isto é apenas o começo de uma obra ainda maior – o alvorecer da glória dos últimos dias!” O grande pentecoste “virá completamente e homens piedosos, vindos de todas as nações debaixo do céu”, mesmo que distantes umas das outras, “ficarão cheias do Espírito Santo e perseverarão na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações”, eles “comerão o seu alimento e farão tudo o que tiverem de fazer com alegria e singeleza de coração”. Abundante graça ”haverá em todos eles”, e eles serão “todos de um só cora-ção e de uma só alma” (Sermão 63).
Sem mais, entrego à sábia decisão deste Concílio, de modo que o Espírito Santo testifique ao nosso coração o melhor para nossa Primeira Região Eclesiástica.
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