O ateu não espera nada. Como não acredita em Deus, logo não há quem possa ter qualquer atitude, não há o que esperar. De forma que em sua vida, o ateu lê o mundo pela perspectiva dos fatos que ocorrem movidos por simples leis científicas e/ou coincidências gerais. Não há processo de intervenção divina porque não existe nenhum intervencionista sobrenatural. O mundo é o que é e acontece, simplesmente assim. Levada a cabo, somos serem humanos que resultamos de uma grande coincidência de ações e leis naturais – que nos levaram de átomos isolados no espaço à constituição dos sistemas solares, estrelas, planetas e ao que somos por pura casualidade, na conhecida teoria da evolução associada ao BigBang. E daí viveremos 80, talvez 100 anos, e morreremos e nada mais. A mim, me dá um vazio imenso, uma falta enorme de sentido em viver.
Para os crentes a resposta ao que esperar de Deus varia numa quantidade de opções imensa. Diversas religiões com suas diversas interpretações e reinterpretações tentam explicar o Divino e suas ações na humanidade. Ou seu presumido silêncio, o que também é um tremendo incômodo. Em seus livros sacros fala-se e procura-se respostas sobre o Divino, e este teima em não vir e responder a todos ali, face-a-face e resolver tudo de uma vez. Sei que podemos falar que Ele fez isso em Jesus, mas o face-a-face acabou na cruz e em 40 dias após ela. No máximo podemos falar hoje em encontros pessoais com o Divino, mas nada que atinja toda a humanidade.
Será que Deus sumiu ? Depende do que se espera Dele. E voltamos ao problema básico, tema do texto, que cria as diferenças entre crenças e crenças : O que esperar de Deus.
Em termos protestantes, de forma bem resumida pelo próprio Jesus, podemos esperar de Deus que Ele quer que nos relacionemos com Ele e com os outros e conosco mesmo em amor (Mt 12:34-40). Em João é muito significativo que Jesus terminando seu ministério diz : “Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros (Jo 13,35)”. Não por curas, não por milagres, não por pregações, nem por promessas diversas, mas pelo amor demonstrado. A resposta ao tema do texto então é que podemos esperar de Deus não um fazer, mas uma expectativa: Ele tem uma expectativa sobre eu e você. Você cumpre a expectativa? Ama a Deus e ao próximo como a si mesmo?
Jesus também fala de outras expectativas, mais detalhadamente, que podemos ter a respeito de Deus. E em particular quero falar do fim dos tempos. Em diversas falas, Jesus trata deste tema sobre o qual tem havido um certo silêncio, em comparação com a frequência com que já foi abordado em tempos passados. Certo é que o número de vezes que Jesus fala do fim dos tempos, de uns para um lado e outros para outro, de ranger de dentes, de virgens néscias, de seio de Abraão, de apartai-vos de mim, não deve ser por nada. Vejam por exemplo a fala dele em Mt 25:32 : “Todas as nações serão reunidas diante dele, e ele separará umas das outras como o pastor separa as ovelhas dos bodes. E colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda. “
No protestantismo é certo que a morte leva ao paraíso ou ao inferno, e que os que, vivos, presenciarem a intervenção divina na humanidade (Mt 25:31 e a nova Jerusalém de apocalipse), serão levados diretamente a um a outro local, mesmo sem terem morrido. Tal horrenda perspectiva de pessoas num inferno eterno, que parece não combinar com um Deus de amor, tem sido, por isso mesmo, objeto de esquecimento quando não de novas interpretações, notadamente amenizadoras e inclusivistas – todos vão ao céu, dizem, o que significaria dizer que Jesus ou é mentiroso ou falava para dar medo.
Então, se há algo que esperar de Deus, é com certeza a vida pós morte. E no protestantismo, com duas opções claras de destino, céu ou inferno. Donde deixo minha segunda pergunta: Você está preparado para esta ação de Deus em sua vida? Para saber se você vai para um lado ou para o outro? No seu caso em particular, o que esperar de Deus?.
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