Seja no trabalho de um capelão em um hospital, seja no cemitério durante o ofício fúnebre, seja no trágico acidente que alguém sofre, ou nas guerras e desolações que acontecem mundo afora, é quase que constante encontrar pessoas perguntando onde está Deus, que permitiu, ou não impediu, algum infortúnio na vida de um ser humano. A existência de Deus só seria comprovada se Ele a todo tempo impedisse as mazelas e desastres. Ou, pelo lado oposto da questão, a inexistência de Deus é clara como a água límpida pela existência das tais mazelas que Ele – se existisse – deveria impedir.
Parte-se da expectativa que Deus tem alguma obrigação com o ser humano em não lhe deixar passar ou sofrer algum mal. Mas parece que Ele, no cristianismo, não se compromete com isso e que esse não é Seu foco. Em sua passagem pela terra, Jesus não se mostra decidido a resolver todas as questões e dificuldades humanas. Ainda que cure aqui e acolá, que levante o filho da viúva, que ressuscite Lázaro, estas são pequenas ações no mundo que precisava de muito mais do que Ele fez em três curtos anos, e que, portanto, não configurariam que seu objetivo primordial seria evitar o infortúnio humano. Além disso há momentos em que Jesus parece não se interessar em resolver todas as questões que a Ele chegam: Num determinado episódio recusa-se a resolver a questão entre irmãos (Lc 12:14); noutro, apenas depois da insistência da mulher que a Ele clama, Jesus decide fazer algo por ela (Mt 15:26). Quando cura o servo de um centurião (Mt 8:5) poderia aproveitar e pedir que ele deixasse de importunar os Judeus, mas não faz. Aliás, Jesus não se coloca contra o império Romano e favor dos Judeus, não intervindo nas questões políticas que, sim, afligiam o povo dominado.
Em seus discursos, Jesus fala de dor, de sofrimento, de esperar em Deus, do Reino dos Céus, da cruz que precisa ser levada. Um mundo terreno sem sofrimento não encontra eco na Bíblia. O mundo sem sofrimento está prometido na nova Jerusalém, não agora, não nesta terra.
A inexistência de Deus comprovada pela ocorrência do sofrimento é a crença em uma postura que Ele não teve quando teve a mais clara oportunidade de exerce-la: Em Jesus.
O que é difícil para muitos é acreditar num Deus que se identifica com o amor, mas não intervém podendo (pois claro que pode). Do nosso ponto de vista, do nosso sofrimento que temos quando a dor nos é próxima ou pessoal, a inexistência do livramento do Senhor é, muitas vezes, uma dificuldade. A fé, alimentada pelo tempo de busca e encontros com o Senhor, entra neste momento para nos lembrar que Ele existe e, mesmo não entendendo Sua escolhas, podemos saber que Ele tem ciência do que acontece ou aconteceu e, se não interviu, sabe o que faz. E esta resposta “Deus sabe o que faz” é a maior exigência para nossa fé em momentos de dor . Porque gostaríamos de outra resposta, mas Ele, maior que nós, não fez o que pensávamos ou pedimos.
A resposta ao sofrimento humano está na fé. A fé em Deus nos lembra e consola. E fé é um crescente. Alimente-se dela o tempo todo para quando for necessário a fé pessoal ter a força necessária dentro do que crê para ser maior que a dor. Sem fé o desespero vem, com pouca fé, também. Com o Espírito Santo e Fé em Deus, aí sim, podemos carregar nossa cruz sem fraquejar. Aí, sim, não se trata mais de “Onde Está Deus”, mas de “Senhor Eu Confio em Ti.”
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