“Tragam o dízimo todo ao depósito do templo, para que haja alimento em minha casa. Ponham-me a prova, diz o Senhor dos Exércitos, e vejam se não vou abrir as comportas do céu e derramar sobre vocês tantas bênçãos que nem terão onde guarda-las. Impedirei que pragas devorem suas colheitas...” Malaquias 3.10,11 (Nova Versão Internacional - NVI)
Quase sempre ao falarmos de dízimo ao nosso povo damos a entender que ele é um bom negócio a ser feito com Deus. Damos a décima parte do que recebemos e em troca Deus abre as janelas do céu para nós. Bênçãos sem medidas são prometidas aos dizimistas fiéis e até o devorador (referência aos gafanhotos que consumiam a plantações), apresentado como o diabo ou tudo o que nos causa prejuízo, será repreendido, de sorte que a nossa vida será um mar de rosas.
Olhando deste ângulo, realmente é um excelente negócio ser dizimista. Mas, pensemos bem, é este o real sentido do dízimo? Deus o estabeleceu como um mero negócio? É dessa forma que o homem deve encará-lo?
Numa ocasião um pastor ao falar sobre o dízimo no seu sermão dominical, foi questionado por um jovem que não concordava que o dízimo fosse um negócio com Deus.- “O Senhor está nos propondo a negociar com Deus?”, disse o jovem.- Respondeu-lhe o pastor: “E você quer uma pessoa melhor do que Deus para negociar?”
Realmente não podemos desconhecer as promessas de Deus para com aqueles que procedem fielmente. Em outras passagens bíblicas nos deparamos com promessas semelhantes:
Honre ao Senhor com todos os seus recursos e com os primeiros frutos de todas as suas plantações; os seus celeiros ficarão plenamente cheios, e os seus barris transbordarão de vinhos. (Provérbios 3.9,10 - NVI).
Todas essas promessas são maravilhosas e de fato nos convidam a esperar por elas. Entretanto é bom que levemos em consideração que o povo de Deus nunca foi bom ou pagou dízimos simplesmente em troca dos favores de Deus. O povo sabia que se fosse fiel seria abençoado, mas não era fiel apenas para receber as bênçãos. A fidelidade do povo estava ligada ao reconhecimento de que Deus era o dono de todas as coisas. Suas vidas e seus bens pertenciam a Deus; suas ofertas nada mais eram do que um simples reconhecimento dessa verdade. Israel pecou quando deixou de compreender isso.
No Novo Testamento, a Igreja, o novo povo de Deus, reconheceu ser Cristo o Senhor de todas as coisas. O senhorio de Cristo era marcante na vida e na fé da Igreja primitiva. (Filipenses 2.9-11).
Embora, segundo o pastor mencionado no início, seja uma boa coisa negociar com Deus, a prática nos mostra que não está aí o verdadeiro sentido do dízimo. Milhares de pessoas dão dízimos fielmente e continuam pobres. Muitos são fiéis e no entanto passam por privações, desempregos, doenças, acidentes, etc. É uma realidade que não podemos negar. Em regiões onde reinam a fome, a seca, o desemprego e a exploração, como ter a seu favor abertas “as janelas dos céus”? Não é que desprezamos as promessas de Deus ou não creiamos nelas, mas devemos crer que elas foram feitas para um povo e não para um indivíduo. Certamente essas promessas serão cumpridas quando “o povo que vive espremido pelas forças da morte com seus dramas e esperanças, começar a trabalhar como um todo na promoção da verdadeira vida.”
Os testemunhos isolados de pessoas que enriqueceram, venceram na vida ou melhoraram sensivelmente o seu padrão pelo fato de se tornarem dizimistas, são válidos, mas não retratam satisfatoriamente o sentido do dízimo.
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