O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. (Romanos 8.16).
Estamos em plena celebração do que hoje é admitido como o surgimento da Igreja Metodista. Isto porque o dia 24 de maio de 1738 marcou a diferença total na vida do iniciador da mesma, o Reverendo John Wesley. Muito já se falou, muito tem se falado e sempre há muito ainda que se falar sobre sua célebre Experiência do Coração Aquecido, descrita pessoalmente da seguinte maneira:
“De modo que, às oito horas e quarenta e cinco minutos, enquanto escutava a descrição da mudança que Deus opera no coração por meio da fé em Cristo. Senti arder o meu coração de uma maneira estranha. Senti que confiava em Cristo somente para a minha salvação. E recebi a segurança de que Ele havia apagado meus pecados e que me salvava a mim da lei do pecado e da morte. Coloquei-me então a orar com todas as minhas forças por aqueles que mais me haviam perseguido e traído. Depois dei testemunho público diante dos assistentes do que sentia pela primeira vez em meu coração.”
A afirmação “senti que confiava em Cristo somente para a minha salvação” é fundamental para entendermos como pensavam até então John e seu irmão Carlos. Ambos criam num pensamento muito forte da igreja da época mesmo após a Reforma Protestante, de que as obras salvavam. Ao visitar Carlos Wesley, num momento de sua enfermidade, o pastor moraviano Pedro Bôhler perguntou-lhe se esperava ser salvo. Respondeu-lhe Carlos: “Sim” – E que razão tens para isso?” (insistiu o pastor) – “Porque tenho-me esforçado ao máximo para servir a Deus”, foi a resposta de Carlos. Essa era a mentalidade predominante em muitos no seio do ministério anglicano, devido ao erro de atribuírem à fé e às obras um sentido que não tinham.
Penso que uma das grandes contribuições da tão enfatizada experiência mencionada, não só para os metodistas, mas para a Igreja de Cristo hoje, é a doutrina wesleyana de santificação. Esta, nada tem a ver com perfeccionismo ou legalismo. Mas com orientação bíblica para perseverarmos “até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Efésios 3.13). Uma santidade que nos torne cada vez mais semelhantes a Jesus, o homem perfeito.
E longe de idolatrar a vida de um homem ou exaltar em demasia uma denominação (como alguns interpretam) devemos louvar ao Senhor Jesus pela rica herança espiritual recebida, entender que essa história nos torna ainda mais fiéis ao evangelho. A marca do nosso coração aquecido pelo profundo relacionamento com o Senhor Jesus, leva-nos a fazer nossa parte no que Wesley entendeu porque Deus havia levantado os metodistas: restaurar a nação, particularmente a igreja e espalhar a santidade bíblica por toda a terra.
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