Com alegria celebramos hoje o terceiro domingo do Advento, um período do calendário litúrgico cristão de 4 domingos que antecedem o Natal. Ano a ano temos sido confrontados por grupos cristãos evangélicos que rejeitam a comemoração do Natal baseando-se apenas em sua origem pagã. Reproduzo aqui um texto que considerei muito importante, publicado no Expositor Cristão (Jornal Oficial da Igreja Metodista) em dezembro de 2012.Vale a pena conferir
No contexto romano, do início da nossa era, por influência egípcia, havia uma grande festa popular que, a propósito do solstício de inverno (Hemisfério Norte), realizava uma série de rituais dedicados ao deus-sol. Tais rituais eram realizados na expectativa de que o mundo não fosse engolido pelas trevas ameaçadoras do inverno(ocasião em que o sol parecia ficar cada vez mais distante, os dias mais curtos e as noites mais longas). Essa festa era chamada de Adventus Redentoris e Natale Solis Invictus, ou a Chegada do Redendor e Nascimento do Sol Invencível.
Os cristãos, então, “evangelizaram” essa festa, reinterpretando-a à luz dos escritos bíblicos. A justiça divina se alteia sobre a humana, tal como descrito no capítulo 60 do profeta Isaías (a leitura desses 22 versículos descortina para nós o verdadeiro horizonte natalino).
Como o calendário dos primeiros séculos era muito rudimentar, a data não era precisa e podia variar entre 21 de dezembro e 6 de janeiro. Com o passar do tempo, essa festividade foi adquirindo contornos mais claros, e convencionou-se o dia 25 de dezembro como sendo o dia do nascimento de Jesus e o dia 6 como o ápice da festa, culminando com alusão à visita dos Magos.
Os que criticam a comemoração do Natal, acusando-o de ser uma festa pagã, devem ser advertidos de que não há uma única festa religiosa sequer que seja absolutamente genuína e exclusivamente cristã. E não deixa de ser curioso o fato de que parece haver menos resistência a certas comemorações, às quais não há referência bíblica explícita (do tipo: Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia das Crianças, Dia do Índio, Dia da Pátria) do que àquelas com ampla fundamentação nas Escrituras (tais como: Natal, Páscoa e Pentecostes).
O entendimento depende do olhar do intérprete: para uns (aqueles que crêem que os poderes “do mundo” são mais fortes que o “reinado de Deus”), trata-se da paganização do cristianismo; para outros (que crêem na força transformadora do Evangelho), trata-se da cristianização do paganismo. A questão está na fé de quem lê a realidade.
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