Ninguém pense de si mesmo além do que convém, antes pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um. (Romanos 12.3)
O ano que se encerrou foi extremamente desafiador. A pandemia abalou – e ainda tem abalado – toda humanidade, impondo uma série de restrições e mudanças, além de forçar reflexões a respeito da vida e daquilo que se define como prioridade. Alguns insistem em falar sobre um tal de “novo normal”. Claro que 2020 não se resumiu à pandemia, mas é inegável que ela foi um acontecimento histórico, que afetou o mundo inteiro, com desdobramentos em diversas áreas e talvez com consequências irreversíveis.
O fato é que chegamos até aqui e, graças a Deus, apesar das perdas, das lutas e dos desafios, temos mais um novo ano pela frente. Porém, apesar das adaptações impostas pelas demandas atuais, percebemos que o ser humano continua com suas incoerências. Na última quarta-feira presenciamos a bizarrice do líder da maior nação mundial incitando atos de vandalismo ao Capitólio, nos Estados Unidos, um dos principais ícones da democracia, com seus pronunciamentos insanos, o que provocou algumas mortes. Aquele que deveria apresentar uma postura sensata, moderada, coerente, agiu exatamente de maneira oposta. Foi inconsequente, provocador, irresponsável. Parecia aquela criança mimada, que não aceita quando perde, chora e justifica suas derrotas desqualificando a vitória do opositor. Assusta, porque diante dos enormes desafios, o apego ao poder está acima do interesse coletivo.
Não pretendo tecer qualquer comentário a respeito do perfil político do Trump, apenas sobre sua reação após a derrota nas eleições. Suas declarações a respeito de suposta fraude eleitoral, sem qualquer prova, refletem o caráter de alguém que ama o poder e luta por ele a qualquer custo. Demonstra, da mesma forma, o seu sentimento de superioridade. Os seus desejos e pontos de vista devem prevalecer a todo custo, a despeito da lei ou do desejo do povo.
Preocupo-me, porque identificamos um número crescente de pessoas com sentimento e postura semelhantes. Não necessariamente quanto ao apego ao poder, mas no desejo de que sua concepção das coisas sempre prevaleça e consideram o diferente pior, desqualificando as pessoas que não concordam com ele. Valorizam muito mais as estruturas do que as vidas. As vidas pouco importam, desde que seus interesses prevaleçam. Acham-se, desta forma, superiores, nutrem-se de orgulho e suas atitudes são arrogantes.
Porém, em Provérbios 16.18 somos orientados que “a soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda”. Ainda em Provérbios, aprendemos que “olhos altivos” são reprováveis para Deus (Pv 6.17). Portanto, precisamos aprender a viver no caminho da humildade, respeitando uns aos outros, nos reconhecendo como limitados e dependentes uns dos outros. Somos alvos da Graça de Deus e, ainda que amemos ao SENHOR, movidos por excelentes intenções, muitas vezes estaremos errados, poderá haver alguém com uma posição melhor do que a nossa.
Incrível como a soberba e o orgulho possuem a capacidade de afastar, enquanto a simplicidade e a humildade agregam as pessoas! A própria Palavra de Senhor nos afirma que “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (Tg 4.6) e mais, ela diz que “Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são” (1 Co 1.28).
Oro para que o nosso Deus retire de nós a tendência pecaminosa do orgulho, da arrogância e da altivez, de maneira que sejamos cada vez mais referência de temor a Deus e instrumentos de Seu infinito amor. Somente assim as pessoas serão atraídas e haverá transformação. Não através de nossas estratégias, da nossa inteligência ou capacidade, mas pelo agir do Espírito Santo através de nós.
O SENHOR nos abençoe e nos guarde!
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