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Rio, 10/2/2021
 

A Esperança

Pr. Alberto Saraiva Sampaio


 

E o Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo. (Romanos 15.13)

Estou relendo um livro extremamente conhecido, escrito em 1942, por C.S. Lewis, “Cristianismo Puro e Simples”. O autor aborda alguns temas relevantes à fé cristã e peço permissão para transcrever um pequeno texto da obra, a respeito da Esperança.

“A esperança é uma das virtudes teológicas. Isso quer dizer que um olhar sempre voltado para a eternidade não é uma forma de fuga ou ilusão, mas é uma das obrigações do cristão. Isto não quer dizer que devamos deixar este mundo como está. Se consultarmos a História, veremos que os cristãos que mais fizeram por este mundo foram justamente os que mais pensaram no outro mundo. Os próprios apóstolos, que empreenderam a conversão do Império Romano, os grandes homens que construíram a Idade Média, os evangélicos ingleses que aboliram o mercado de escravos, todos deixaram sua marca na Terra precisamente porque suas mentes estavam ocupadas com as coisas do céu. Desde que os cristãos pararam de pensar na outra vida é que começaram a falhar nesta. Quem almejar o céu, terá a Terra como acréscimo; quem almejar a Terra, não terá nem uma nem outra coisa. Parece uma regra estranha, mas podemos observar algo semelhante em outros setores. A saúde é uma grande bênção mas, quando esta começa a ser um de nossos objetivo principais e diretos, começamos a nos tornar rabugentos e a imaginar que alguma coisa não vai bem. Só poderemos ter saúde se buscarmos outras coisas mais: alimento, esporte, trabalho, diversão, ar livre. Da mesma maneira, nunca salvaremos a civilização se esta for o nosso principal objetivo. Devemos aprender a querer algo mais.

A maioria de nós até mesmo acha muito difícil desejar o ‘céu’, exceto no sentido em que ‘céu’ significa encontrar de novo nossos amigos que morreram. Uma das razões dessa dificuldade é que não fomos exercitados: toda a nossa educação tende a fixar nossas mentes neste mundo. Outra razão é que não sabemos reconhecer quando temos em nós este desejo sincero pelo céu. Se a maioria das pessoas tivesse aprendido a olhar para dentro de si mesmas, saberia que deseja, e muito, algo que não se pode ter neste mundo. Há neste mundo toda sorte de coisas que nos prometem muito, mas que nunca cumprem o que prometem. As aspirações que surgem quando nos apaixonamos pela primeira vez, ou quando pensamos pela primeira vez num país estranho, ou quando nos interessamos por algum assunto empolgante, são aspirações que casamento nenhum, viagem nenhuma, nem estudo nenhum podem nos satisfazer. Não estou me referindo agora ao que normalmente chamamos de casamentos, férias ou carreiras mal sucedidos. Estou falando dos melhores possíveis. Havia algo em que nos firmávamos no primeiro momento de aspiração, mas que veio a se desvanecer com a realidade. Acho que todos sabem o que quero dizer. A esposa pode ser uma boa esposa, os hotéis e as paisagens excelentes, e a química pode ser uma coisa muito interessante; mas alguma coisa nos escapa. Ora, existem três maneiras de lidar com este fato: duas erradas e a certa.

(1) A maneira do tolo. Ele põe a culpa nas coisas e em si. Passa a vida toda pensando que se ao menos pudesse ter outra mulher, ou gozar férias melhores, ou o que quer que seja, então nessa oportunidade, ele realmente alcançaria este algo misterioso que todos buscam. A maior parte das pessoas ricas que vivem aborrecidas e descontentes pertence a este tipo. Gastam toda vida passando de uma mulher para outra (pelos tribunais de divórcio), de um para outro continente, de um passatempo para outro, pensando que a última coisa é finalmente ‘o bem verdadeiro’ e estão sempre decepcionadas.

(2) A maneira do ‘homem sensato’ desiludido. Logo se convence de que tudo não passa de uma ilusão. ‘Naturalmente’, diz ele, ‘a gente se sente assim quando é jovem, mas quando se chega na minha idade o jeito é não ir mais ao encalço de sonhos impossíveis’. E assim ele sossega e aprende a não esperar demais e reprime a parte de seu ser que costumava ‘pensar como poeta’, como ele mesmo diria. Este é, sem dúvida, um modo melhor que o primeiro e dá à pessoa mais felicidade, tornando-a menos incômoda para a sociedade. A pessoa assim tende a ficar pedante (inclinada a se julgar superior ao que chama de ‘coisas de adolescentes’), mas de modo geral leva a vida mais ou menos comodamente. Seria o melhor caminho que poderíamos tomar se não vivêssemos para sempre, mas se uma felicidade sem limites existe de fato e nos espera? E se for possível alcançar algo melhor que todos os nossos sonhos? Nesse caso seria uma pena descobrir tarde demais (um instante depois da morte) que por causa do nosso suposto ‘bom senso’, extinguimos a possibilidade de gozar a felicidade. 

(3) A maneira cristã. O cristão diz: ‘As criaturas não nascem com desejos que não possam ser satisfeitos. Um bebê sente fome; pois bem, há uma coisa chamado alimento. Um patinho deseja nadar; pois bem, existe uma coisa chamada água. Os homens sentem desejo sexual; pois bem, existe uma coisa chamada sexo. Se encontro em mim um desejo que nenhuma experiência deste mundo pode satisfazer, a explicação mais provável é que nenhuma experiência deste mundo pode satisfazer, a explicação mais provável é que fui feito para um outro mundo. Se nenhum dos prazeres terrenos o satisfaz, isso não prova que o universo seja uma fraude. Provavelmente os prazeres deste mundo nunca foram destinados a satisfazê-lo, mas apenas se destinam a fazê-lo aparecer, a insinuar que há um bem verdadeiro. Se é assim, é preciso tomar cuidado, de um lado, para nunca desprezar ou ser ingrato para com essas bênçãos terrenas e, de outro, para não as confundir com a verdadeira ‘coisa’ da qual elas não passam de uma espécie de cópia, eco ou miragem. Devo conservar vivo o desejo por minha verdadeira pátria, que encontrarei depois da morte; não devo nunca abafá-lo ou pô-lo de lado; meu objetivo principal deve ser a preparação para essa outra vida e ajudar os outros a fazerem o mesmo.

Não há razão para nos preocuparmos com as pessoas jocosas que tentam ridicularizar a esperança cristã de um ‘céu, dizendo que não desejam ‘passar a eternidade tocando harpas’. A resposta para essa gente é dizer-lhes que, se não têm capacidade para entender livros escritos para adultos, não deveriam falar deles. Todas as imagens da Bíblia (harpas, coroas, ouro, etc.) são, é claro, apenas uma tentativa para exprimir simbolicamente o inexprimível. Os instrumentos musicais são mencionados porque para muitas pessoas (nem todas) a música é tida como uma das coisas que mais dá a impressão do êxtase e do infinito. As coroas são mencionadas para expressar o fato de que aqueles que estão unidos a Deus na eternidade participam do seu esplendor, do seu poder e da sua alegria. O ouro é mencionado para expressar a eternidade do céu (o ouro não se corrói) e a sua preciosidade. Quem tomar símbolos ao pé-da-letra deveria também pensar que, quando Cristo disse que devemos ser como pombos, Ele quis dizer que deveríamos botar ovos”.

O SENHOR nos abençoe e nos guarde!

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