CARLOS WESLEY, O ARAUTO MELODIOSO (*)
Bispo Sante Uberto Barbieri
" Tudo em ti encontro, ó Cristo, e de nada mais preciso ".
Carlos Wesley
O décimo oitavo filho, o último varão de Samuel e Susana Wesley, foi Carlos, que nasceu, segundo se presume, no dia 18 de dezembro de 1707 (alguns historiadores dão o ano de 1708). Seu prematuro nascimento ocorreu algumas semanas antes do tempo, e ao nascer parecia mais morto que vivo, já que não chorava nem abria os olhos. Conservaram-no em algodões até a época em que devia nascer, e completado o tempo normal, dizem que abriu os olhos e chorou. Como seu irmão João, do qual era mais novo cinco anos, nasceu na casa pastoral de Epworth e foi submetido à mesma disciplina familiar. Era de disposição mais jovial que seu irmão e dotado de estro (talento) poético.
João Gambold, seu companheiro do "Clube Santo", que chegou a ser bispo morávio, dentre outras considerações que fizera a respeito de Carlos, deixou do seu temperamento este retrato:
"Para pontilhar o caráter de Carlos, basta dizer que era homem feito para a amizade. Por sua jovialidade e viveza (vivacidade) era capaz de suavizar o coração de seus amigos, e, por seu hábito franco e independente, não deixava lugar a incompreensões.“ (1)
Em 1716 foi para a escola de Westminster. Seu irmão mais velho, Samuel, que vivia em Londres e já tinha vida independente, pagava-lhe os estudos e o pai provia-lhe a roupa. Mas evidenciou tal inteligência que lhe foi outorgado o prêmio "Aluno do Rei" (King's Scholar). Segundo o historiador da escola de Westminster, essa distinção "conferia para sempre, ao que a recebia, tal sentimento de orgulho que nenhum rapaz de outra escola jamais experimentava. Haver sido Aluno do Rei não é mui pequena honra". (2) De aí em diante suas despesas foram pagas pela fundação escolar (1721).
Nesse período apresentou-se a Carlos a oportunidade de ser herdeiro de um rico parente de nome Garrett Wesley. Este possuía muitas propriedades na Irlanda e queria adotar um rapaz de sua parentela que levasse o nome de Carlos. Escreveu, pois, à família pastoral de Epworth perguntando se não contava em seu seio com alguém de tal nome. Informado de que havia e se encontrava em Londres, enviou dinheiro para mantê-Io estudando por alguns anos. Mais tarde foi vê-Io na escola e fez-Ihe pessoalmente o oferecimento. Os pais não quiseram tomar a decisão, deixando que o rapaz mesmo resolvesse, e ele declinou da oferta! O Sr. Garrett adotou, então, a um outro jovem de nome Ricardo Colley, que mudou seu nome pelo de seu benfeitor. Viria a ser o avô do Duque de Wellington, o vencedor de Napoleão, em Waterloo. Carlos abriu mão de uma fortuna e de um título.
Em 1726 terminou os estudos secundários e entrou para a Universidade de Oxford, onde foi eleito para freqüentar o colégio Christ Church, com uma bolsa de estudos de cem libras esterlinas anuais. Assim como se distinguira anteriormente em seus estudos, continuou sobressaindo-se na Universidade, a tal ponto que, como seu irmão, pouco depois de graduar-se também foi nomeado tutor de seu colégio. Seguindo o exemplo de seu irmão João, esforçou-se por levar vida metódica e séria. Foi ele que, em 1729, com alguns outros companheiros da mesma tendência, fundou o que se chamou "Clube Santo". Os que lhe aderiram eram poucos. Reuniam-se duas vezes por semana ao entardecer, para dedicar o período das 6h às 9h à oração, ao estudo do Novo Testamento e aos autores clássicos. Passavam em revista seu trabalho e faziam planos para os dias seguintes. Também jejuavam duas vezes por semana, tratando ao mesmo tempo de fazer um exame introspectivo, e participavam da Santa Ceia semanalmente. E com muita diligência empregavam-se em atos de caridade e de visitas aos presos.
Porque esse grupo se regia por um horário estrito e viviam uma vida ordenada, suportava a zombaria dos colegas que pouco se consagravam aos estudos e à piedade. Seus componentes eram apodados (apelidados pejorativamente) de “metodistas”, nome que mais tarde se daria igualmente aos que vieram a formar parte das "Sociedades Unidas" fundadas por João Wesley. Este, nessa época, como já vimos, encontrava-se em Epworth ajudando o pai nas lides ministeriais. Quando voltou encontrou o "Clube Santo" em pleno funcionamento, e como coisa, natural aderiu a ele. Por ser o mais velho e o mais responsável, foi-lhe confiada a direção do grupo.
Nesse mesmo ano (1729) Carlos adotou o costume de manter um diário, hábito que teve por quase cinqüenta anos.
Apesar de haver concluído os estudos e de haver sido ordenado clérigo da Igreja Anglicana, permaneceu na Universidade em sua função de tutor até 14 de outubro de 1735 quando, com seu irmão João, foi para a Geórgia, na América do Norte. Sua atribuição era servir de secretário do General Oglethorpe, governador da então Colônia. Sua estada, porém, durou menos de um ano, porque em agosto de 1736 embarcou de retorno à terra natal onde chegou em dezembro. Suas experiências em terras americanas não foram muito mais felizes do que as de seu irmão. Passou muito tempo enfermo, e as intrigas que se armaram ali contra ele chegaram a tal ponto que quiseram assassiná-lo. Depois de um período tumultuoso, durante o qual se indispôs com o general, decidiu deixar a Geórgia e reassumir o ministério em sua terra natal.
Voltou à Universidade de Oxford onde continuou com os labores de instrutor e com a visitação aos presos na prisão comumente conhecida pelo nome de "Castelo". Devido a seu estado físico não começou a pregar até metade do ano 1737, e, quando o fez, sua pregação revelava-se como algo mui formal e lhe faltava aquele fogo que pudesse proporcionar-lhe a satisfação íntima que anelava. Nesse mesmo ano entrou em contato com os morávios (cristãos originários da Moravia, Alemanha) e teve conversações freqüentes com o Conde de Zinzendorf, líder do movimento, e que nessa ocasião se encontrava em Londres fazendo provisões a favor dos imigrantes morávios estabelecidos, ou por estabelecer-se, na colônia de Geórgia. Entre os que se aprestavam (dispuseram) para ir à Geórgia estava o pastor Pedro Böhler, que procurou Carlos na Universidade para que este lhe ensinasse inglês. Foi durante essas aulas que Carlos Wesley adquiriu mais cabal conhecimento da vida religiosa dos morávios e se instruiu mais a fundo sobre a natureza da oração e da fé.
Em fevereiro de 1738 Carlos caiu muito enfermo. Uma noite, sendo já bem tarde e estando ele muito mal, visitou-o Pedro Böhler. Carlos pediu-lhe que orasse a seu favor. Depois da oração, disse-lhe: "Tu não morrerás". Três dias depois disto melhorou e parecia voltar novamente à plenitude da vida. Os médicos lhe recomendaram que mantivesse sua posição em Oxford e não tratasse, como pensava, de voltar à Geórgia.
No mês de maio o encontramos vivendo em casa de João Bray, a quem descreve como "um pobre mecânico ignorante, que não conhece outra coisa senão a Cristo, e que por conhecê-lo sabe discernir todas as coisas". Foi viver com ele para aproveitar sua simples companhia espiritual e descobrir o segredo de uma vida religiosa tão cheia de íntimo gozo e isenta de apreensões. Ainda estava muito fraco quando foi viver na casa de João Bray. Tão debilitado estava que tiveram de levá-lo numa cadeira. Freqüentemente convidava Bray para orar com ele e por ele. Foi nesse período que um de seus amigos, o Holland, o familiarizou com o comentário que Lutero fez sobre a carta de São Paulo aos Gálatas. Sua leitura lhe fez muito bem e Carlos chegou a compreender claramente o que era viver pela fé. E o que mais o impressionou foi a referência à passagem: "... que me amou e a si mesmo se entregou por mim". Na noite desse mesmo mês, que era Pentecoste, chegou finalmente à convicção íntima de que possuía a verdadeira fé em Cristo, antecipando-se três dias à experiência que seu irmão teria na rua Aldersgate e da qual já fizemos referência. Sentiu-se renovado não só no espírito mas também no corpo. Para comemorar tão transcendental acontecimento, na terça-feira seguinte escreveu o que é considerado o primeiro hino metodista. Sua primeira linha diz assim:
"Where shall my wondering soul begin?"
(Onde minha alma errante encontrará refúgio?)
Nesse hino expressa sua inaptidão para celebrar em seus justos termos o extraordinário acontecimento de sua recuperação física e espiritual, e compara-se a um "tição tirado ao fogo eterno". Confia, porém, em que lhe será dado como proclamar a bondade de Deus que o arrancara das garras do inferno para convertê-lo num de seus filhos, ou por haver recebido a certeza de que seus pecados haviam sido perdoados, fazendo-o gozar, assim, o céu por antecipação. Pergunta se seria justo e apropriado ocultar esse sinal do favor divino em seu coração, sem partilhar com outros o privilégio da salvação. Responde que não; ainda que o diabo e suas hostes arremetessem contra ele, teria de proclamar igualmente que Jesus sempre é o mesmo amigo dos pecadores. E termina fazendo um apelo comovente, chamando os pecadores de qualquer natureza a que venham receber o abraço daquele que está com seus braços estendidos esperando-os.
Ao que parece, este foi o hino que cantaram na noite de 24 para celebrar a notável experiência religiosa de seu irmão João, quando este voltou jubiloso depois da reunião de Aldersgate em companhia de outros que com ele haviam estado juntos, para comemorar o acontecido. Um ano mais tarde, ao comemorar o primeiro aniversário de sua experiência, Carlos escreveria aquele outro hino tão querido dos cristãos evangélicos do mundo inteiro, e que começa assim:
"Oh for a thousand tongues to sing"
(Quem me dera ter mil vozes para celebrar).
Ele que desejava, como diz o original, possuir "mil línguas" para cantar a glória de seu Senhor. E através de sua longa carreira chegou a escrever algo em torno de seis mil e seiscentos hinos, numa média de três por semana. Talvez esses hinos, mais que a própria pregação, penetraram na consciência e vida daqueles que foram alcançados pelo movimento metodista. O maravilhoso está em que induziram um povo triste e desanimado a cantar, e muitas vezes a emoção era tão profunda que chegava a arrancar lágrimas dos que cantavam! Lutero disse em certa ocasião sobre o emprego religioso da boa música: "O diabo pode agüentar qualquer coisa, exceto a boa música, e esta o faz rugir". Por certo o diabo teve de rugir freqüentes vezes ante o efeito benéfico das canções de Carlos! Com freqüência a urgência da inspiração era tal que, ao chegar a algum local, descia do cavalo correndo e gritando: "Dai-me papel, papel e tinta". Outras vezes, sobre a própria cela de sua cavalgadura, escrevia no papel o sentir tumultuário (agitado) de seu coração inflamado.
Em 1739 publicou seu primeiro hinário com o título "Hymns and Sacred Poems" (Hinos e Poemas Sacros). No mesmo ano se fizeram três edições desse hinário. Escreveu sobre uma variedade ilimitada de temas que incluem toda a escala da vida religiosa. Diz um comentarista:
"A variedade dos assuntos que ocupavam sua mente é tão extensa que pode incluir quase todo acontecimento ou circunstância concebível na vida." (3)
João de La Flechère (ver capítulo sétimo) escrevendo sobre a coleção de hinos que Carlos e João Wesley publicaram e seu valor para a vida religiosa dessa época, disse as seguintes palavras: "Uma das maiores bênçãos com que Deus agraciou os metodistas, depois da Bíblia, são suas coleções de hinos".
La Flechère tinha razão. Apesar de a maioria dos hinos de Carlos caírem no olvido (esquecimento), pois só serviram ao momento e à época que os inspiraram, já que não tinham valor literário ou devocional permanente, uns tantos ficaram formando parte da hinologia cristã universal. O que estas páginas escreve (ou seja, o autor desse livro), certa vez se encontrava em Londres num entardecer de domingo. Perto do hotel havia uma igreja Batista, e ali resolveu assistir ao culto, por não aventurar-se a ir mais longe. Quando entrou no templo, faltando uns minutos para começar o serviço religioso, tomou de um hinário e leu a introdução. Dizia o compilador (o organizador do hinário) que aqueles hinos haviam sido escolhidos com o propósito de que estivessem enquadrados dentro da tradição Batista. Quando o pastor se levantou e anunciou o primeiro hino congregacional, este era da pena (de autoria) de Carlos Wesley!
Tão logo Carlos melhorou de saúde, voltou com renovadas forças para a vida pública pregando sem cessar, onde quer que a ocasião se lhe apresentasse, embora não o tenha feito ao ar livre até junho de 1739, época em que começou a pregar aos mineiros da região de Moorfields. Um de seus temas favoritos baseava-se nas palavras de Cristo: "Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei". Desde 1739 até 1771 o centro principal de suas atividades foi a cidade de Bristol e mais tarde seria Londres. Como seu irmão João, esteve sempre ocupado em viagens, indo de povoado em povoado.
Especialmente durante os primeiros anos do movimento, sua vida esteve sujeita a constantes ameaças e tumultos promovidos pelo populacho instigado pelos clérigos regulares. Entre os anos 1741-1743 de maneira especial esteve em sério perigo muitas vezes. É pena que não possamos acompanhá-lo nessas aventuras, que reeditam em muitas instâncias cenas comovedoras dos primeiros tempos do cristianismo. No entanto, para dar uma idéia de sua têmpera (temperamento, inteireza de caráter), serenidade e valentia, citaremos o que ele mesmo escreveu em seu Diário acerca dos ataques que o populacho dirigiu contra uma capela no interior da Inglaterra, onde ele se encontrava dirigindo um culto. Diz o Diário:
"...eles resolveram demolir a casa de oração e começaram a obra enquanto estávamos orando e louvando a Deus. Foi uma ocasião gloriosa para nós. Cada palavra de exortação penetrou fundo. Cada oração encontrou eco e muitos acharam o espírito de glória descansando sobre eles."
A turbamulta (grande multidão, turbilhão) continuou durante grande parte da noite em seu intento de derrubar as paredes e penetrar a casa. Ele e a congregação se conservaram onde estavam, pois não teria sido prudente retirar-se do local. Não conseguiram os atacantes seu intento; apesar disso, pela manhã se verificou que parte do edifício estava destruído. O evangelista comenta em seu Diário:
"E seus gritos, de quando em quando, me despertaram durante a noite, mas creio que eu dormi mais que os outros".
Dominado por seu espírito de aventura e irresistível senso de responsabilidade pela salvação do próximo, às 5h da manhã animou-se a sair da casa para pregar ao ar livre nessa mesma cidade. Fê-lo durante todo o dia sob constantes ameaças. À noite, ao regressar a seu quarto, encontrou-o desmantelado (destruído). Não obstante, passou ali a noite exposto ao frio e ao perigo.
Dessa fibra indômita eram não somente ele e seu irmão João, mas todos aqueles que nesses dias os acompanhavam na gloriosa aventura de pregar o Evangelho a toda criatura. Apesar de não ser pregador itinerante do tipo de seu irmão João, sem dúvida não lhe ficou na traseira, pelo menos até 8 de abril de 1749, época de seu casamento, quando limitou suas saídas. Então se dedicou mais à obra literária, especialmente a poética. Seu irmão João, muito a contragosto, consentiu no casamento de Carlos, pois temia que isso viria, como de fato veio, diminuir a atividade de seu ministério itinerante.
Carlos Wesley casou-se com a senhorita Sara Gwynne. Em virtude disso, João lhe dava uma anuidade de cem libras esterlinas, provenientes da venda de livros que publicava. Carlos e Sara formaram um lar modelo, pois eram admiravelmente congeniais (tinham gênios que combinavam, feitos um para o outro). Quando se casaram tinha ela a reputação de ser mulher mui formosa, mas alguns anos depois foi acometida de varíola, que a desfigurou completamente.
No dia de seu casamento Carlos se levantou às quatro horas da manhã e com seu irmão João e outros familiares, passou quatro horas em oração, cantando salmos e hinos antes da cerimônia. João abençoou as bodas. Em conexão com isto desejamos sublinhar que, apesar das diferenças de temperamento e de nem sempre coincidir nos pormenores das resoluções e nas atitudes que tomavam, especialmente com relação à Igreja Oficial (Carlos neste ponto era mais conservador que João), raramente encontramos dois irmãos estimando-se e querendo-se tão estreitamente como eles, colaborando com tanta eficácia e por tantos anos na mesma obra. Carlos morreu no dia 29 de março de 1788, quando tinha pouco mais de 80 anos e foi sepultado no dia 5 de abril no cemitério da Igreja de Marylebone.
Sua esposa sobreviveu a ele longo tempo. Terminou ela sua carreira terrenal aos 92 anos, falecendo em 1822. De seus filhos (tiveram oito e apenas três cresceram) somente dois, Carlos e Samuel, herdariam seu temperamento artístico. Costumavam dar concertos no "living" de sua casa e a esses concertos compareciam muitos dos mais notáveis músicos de Londres. João Wesley assistia ocasionalmente a essas tertúlias (reuniões familiares) musicais, embora não harmonizassem com seu temperamento.
Uma das características mais salientes da longa carreira ministerial de Carlos Wesley foi a de exercer incessantemente seu ministério entre os prisioneiros, aos quais dedicava terna consideração. Recordemo-nos de que, naquela época, especialmente os desprotegidos da sorte (pobres e miseráveis), e às vezes por motivos que hoje possam nos parecer triviais, eram condenados a muitos anos de prisão e em cárceres que mais pareciam círculos infernais. Número impressionante deles eram condenados a morrer na forca. Era muito comum justiçar ao mesmo tempo alguns deles a fim de fazer disso um espetáculo público para escarmento (lição, exemplo) dos demais. A referência que o historiador Stevens faz de seu ministério particular aos prisioneiros é a que segue:
"Até o último ano de vida manteve seu hábito metodista de ministrar aos condenados das prisões, tal como o fizera primeiramente em Oxford, visitando-os em suas celas e apresentando seus casos às congregações para que se orasse publicamente. A última de suas publicações poéticas, publicada somente três anos antes de sua morte, tinha por título: "Orações para Malfeitores Condenados". (4)
E em nota que antepôs ao manuscrito, escreveu:
"Estas orações foram respondidas na terça-feira, 28 de abril de 1785, na pessoa de dezenove malfeitores, e todos eles morreram penitentes. Não a mim, ó Senhor, não a mim (a glória)!" (5)
A enfermidade que o levou à morte foi longa e penosa, mas conservou sempre sua ilimitada confiança em Cristo. Manteve a mente em estado de completa paz e tranqüilidade. A sua esposa, a quem sempre quis entranhadamente, ditou de seu leito a última expressão poética, que diz em tradução livre:
"Quem redimirá um desprezível pecador já velho e presa de fraqueza externa? Jesus, tu és minha única esperança, fortaleza de minha frágil carne e coração. Oh! Pudesse eu mirar teu rosto sorridente e, assim, sumir-me na eternidade!" (6)
Até aos últimos momentos de vida e diante da fragilidade humana, sua preocupação foi a de anunciar a Cristo e de apontá-lo qual única e eterna esperança de salvação. Nem em seu ministério, nem em sua produção poética teve outra paixão mais profunda que essa. Como Paulo, o apóstolo, Carlos Wesley podia dizer: "Para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro".
NOTAS:
(1) Citado por McTyeire, H. N., Op. Cit., pág. 57.
(2) Mr. Forshall, citado por Wiseman, F.L., Op. Cit, pág. 24.
(3) Citado por Stevenson, G.J., Op. Cit, pág. 395.
(4) Stevens, A., Vol II, Op. Cit, pág. 275.
(5) Idem.
(6) Idem, pág. 276.
(*) Texto extraído do capítulo IV do livro "Extranha Estirpe de Audazes", escrito pelo saudoso Bispo Sante Uberto Barbieri.
O livro pode ser lido integralmente nesse site. O endereço do livro no site é http://www.metodistavilaisabel.org.br/artigosepublicacoes/descricao.asp?n=47
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