IGREJA METODISTA EM VILA ISABEL
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Ecumenismo
Rio, 1/9/2007
 

A Última do Primeiro

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Que as nossas igrejas e/ou religiões acreditam que possuem os elementos originais e originários, permanentes e permanecentes, essenciais e insubstituíveis de toda a fé, toda verdade e toda salvação... tod@s nós sabemos.

Não é privilégio da Igreja Católica Romana. Todas as Igrejas Cristãs de um modo ou de outro acabam assumindo este olhar auto-referenciado, esta teologia do espelho da Madrasta da Branca de Neve: existe alguém mais verdadeira do que eu?

Assim, não deveria ser surpresa alguma o documento "Respostas a questões relativas a alguns aspectos da doutrina sobre a Igreja" divulgado pela Sagrada Congregação da Doutrina da Fé.

Comentando o Documento o presidente da IECLB afirma que a igreja luterana não nega a classificação de igreja a nenhuma das igrejas centradas na fé em Cristo... nem a Igreja Católica! Só que para esta última a fé em Cristo esta centrada e concentrada no Vaticano, nos sucessores de Pedro.

O problema maior então é a idéia de centro... imaginaram todos os senhores na história da teologia cristã e continuam acreditando os senhores hierarcas de plantão que havia/há um centro e... o mais importante! acreditaram e acreditam que eles estão no centro, foram eleitos para guardar este eixo central... e por estarem tão próximos desta centralidade central se sentem no direito, no dever e na obsessão de guardar, promover e eternizar o centro... eles mesmos!!

Afirmar um só centro de poder ou afirmar a partilha do centro de poder só altera a relação de quantidade de poder (partilhado ou não entre mais patriarcas) mas não altera a qualidade de poder. Não há nada mais comum do que este pensamento em instituições patriarcais e de forte aparato hierárquico (como o exército e a igreja crista). O senso de disciplina e obediência se alimentam deste “centro central”, destas “permanências permanentes” historicamente reprodutoras do mando dos homens nas instituições e na sociedade.

A questão ecumênica então não pode ser entendida simplesmente como uma partilha ampliada do centro central da fé cristã... não significa que mais homens reconheçam outros homens como próximos e legítimos detentores da igreja de Cristo.

O que importa é que o evangelho de Jesus não tem “centro” nem “permanências”... e Jesus muito menos quis ser “centro” ou “permanente”... este olhar da teologia da libertação e feminista tem sua motivação ( e não seus princípios e fundamentos!) na opção radical do evangelho de Jesus pelas margens onde estão pobres, mulheres, crianças, excluíd@s, louc@s, indesejáveis...

Esta radicalidade exige sempre o afastamento da idéia de “centro” e “primeiro” assumindo a metodologia de evitação e superação de “idolatrias”, de evitação de nexos paralisantes do olhar crítico e amoroso para com a vida e a história. Não há centro... não há permanência... a fé se projeta em exercício de constante interpretação: aonde a margem? aonde o pobre? aonde o ainda-não? aonde Deus?

Espiritualidade histórica e encarnada nos conflitos da história, a fé não se conforma com as estruturas desse mundo, nem com as estruturas das igrejas desse mundo e experimenta de novo e de novo o abandono das verdades imóveis-imobiliárias que sustentam estas hierarquias tão normais, de igrejas tão “centrais”! mas tão “centrais! que já não se sabe aonde começa e termina o desvarios do modelo civilizatório patriarcal violento e depredador e os desvarios do(s) modelo(s) de igreja patriarcal e violento. Eles gemem defendendo seu poder de exclusão: “só nós temos a genuína e íntegra substância do Mistério...!” e as comunidades e pastorais populares respondem: terra! água! trabalho! moradia! igualdade! deus conosco...

O que assistimos no cenário das igrejas cristã, talvez de modo mais evidente na Igreja Católica Romana, é o esforço enorme de manutenção do poder masculino no âmbito do sagrado e suas materialidades. Mas a história do último século trouxe o conflito e a teologia feminista no âmbito da teologia da libertação e todas as indecências das teologias e práticas pastorais da margem.

Esperneiam os senhor dos “centros permanentes”! Sentem que perdem o poder... como gostariam de ter vivido a 100 anos atrás! 200 anos!! Ser macho, ser padre, ser teólogo!! Ai! quanto poder... e agora não mais.

Agora não mais.

Nossa geração vai viver e sofrer e construir este declínio do poder masculino do sagrado em suas ambigüidades e suas tentativas de trapacear a história para durar um pouco mais. Um documento a mais ou a menos não vai fazer diferença!

“Os últimos serão os primeiros...” – disse Jesus – que serão os últimos que serão os primeiros que serão os últimos que serão os primeiros... assim, o Evangelho: perder para encontrar a vida num compromisso constante de dizer o sagrado na história.

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